Quantcast
Channel: Salvem a Liturgia!
Viewing all 808 articles
Browse latest View live

Peregrinação Summorum Pontificum em Roma

$
0
0

Acontecerá em Roma entre os dias 23 e 26 de Outubro a Peregrinação anual Summorum Pontificum organizada pelo Coetus Internationalis. Na progração consta a oração do rosário pelos nascituros, adoração eucarística, encontro sacerdotal, Vésperas solenes e, entre outras celebrações litúrgicas, três missas pontificais celebradas pelo Cardeal Pell, prefeito da secretaria econômica da Santa Sé; Cardeal Burke, prefeito do Tribunal da Signatura Apostólica; e Dom François Bacquè, núncio apostólico emérito para os Países Baixos.

A programação, em italiano, pode ser visualizada clicando na imagem: 

http://unacumpapanostro.files.wordpress.com/2014/09/volantino2014.pdf




Beatificação do Papa Paulo VI e conclusão do Sínodo dos Bispos

$
0
0
No último domingo, 19 de Outubro, o Papa Francisco celebrou a Missa na qual beatificou o Papa Paulo VI que foi pontífice romano entre os anos de 1963 a 1978. O rito de beatificação teve seu lugar entre o Ato Penitencial e o Canto do Gloria in Excelsis. O Papa ouviu sentado o pedido de Beatificação do Bispo de Brescia, diocese natal de Paulo VI e do postulador, sua biografia. A seguir Francisco, sentado e com a férula na mão esquerda, proclamou a fórmula de beatificação com a qual sob a sua "autoridade apostólica" inscreve-o entre os beatos e fixa sua festa no dia 26 de Setembro. Ao som de "Iubilate Deo" foi descoberta a tapeçaria com imagem do novo Beato e foi colocada no altar sua relíquia: uma camiseta ensanguentada quando o Pontífice foi esfaqueado no aeroporto de Manila nas Filipinas em 1970. Outras relíquias foram usadas durante a Santa Missa, como a casula que foi um presente a Paulo VI por ocasião de seu 80º aniversário, o cálice e a férula. O milagre aceito pela Congregação para a causa dos Santos no processo de beatificação foi a cura de uma criança diagnosticada com sérios problemas cerebrais ainda no ventre da mãe, que se recusou a abortar e rezou para Paulo VI. A criança nasceu saudável. A Missa também concluiu a assembleia do sínodo dos Bispos, instaurado pelo novo beato.

O Rito de Beatificação, bem como toda a Missa, foi celebrada em latim. Toda a liturgia apresentou grande solenidade, desde o altar ricamente decorado e munido de sete velas, até o uso de dois ambãos como é comum nas liturgias papais na praça São Pedro. Os cantos do ordinários foram retirados do Graduale Romanum, de Angelis, todavia enquanto às partes da assembleia permaneciam com o simples gregoriano o coro alternava entre este a polifonia. Provavelmente pela procedência do Beato, em vez das leituras tradicionalmente em espanhol e inglês, este último idioma deu lugar ao italiano. O Evangelho, foi solenemente cantado em latim, ao fim do qual o Papa abençoou ao assembleia reunida com o evangeliário. Na liturgia eucarística, optou-se pela Oração Eucarística III, na qual se fez particular menção ao Beato Paulo, omitindo-se o número. O Papa emérito Bento XVI concelebrou a Santa Missa, todavia manteve-se em seu lugar durante toda a celebração, onde foi cumprimentado pelo Papa Francisco antes do início da mesma.

A seguir algumas imagens exclusivas do Apostolado Salvem a Liurgia!


























Vésperas Pontificais em Roma na Forma Extraordinária

$
0
0
Nessa quinta-feira às 19:15 pelo horário de Roma, foram celebradas as vésperas pontificais na Igreja da Santíssima Trinità dei Pellegrini por Sua Excelência Dom Guido Pozzo, Secretário da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei que cuida da celebração da liturgia na sua forma extraordinária. A celebração foi a primeira da Peregrinação à Roma organizada pelo Coetus Internationalis Summorum Pontificum. O Bispo chegou à igreja, já repleta de fiéis alguns minutos antes da celebração, foi recebido pelo clero e  saudou os presentes e lhes comunicou a Indulgência plenária concedida a seus participantes pela penitenciaria apostólica. As I vésperas de São Rafael Arcanjo foram integralmente cantadas em gregoriano, ao magníficat sua excelência incensou o altar auxiliado pelos capistas.








































Ordenação diaconal na Igreja Siríaca

$
0
0
Neste mês de outubro foi ordenado pela Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia* o Diácono Kelmon Luís de Souza. Como os ritos orientais são muito pouco conhecidos entre os católicos latinos, publicamos abaixo algumas fotos e curiosidades rito, repassadas pelo próprio diácono, seguidas de um texto da autoria de Moises José de Lima relatando a cerimônia de ordenação e as atividades pastorais que o diácono desempenha e que continuará a desempenhar, com grande ênfase na defesa da vida.

* Conforme declaração comum entre o Santo Papa João Paulo II e o Patriarca Sírio de Antioquia Moran Mar Ignatius Zakka I Iwas, há comunhão sacramental entre as duas Igrejas. Disponível em francêsinglês e italiano.


O ordenando é tonsurado; o bispo retira mexas dos 4 cantos da cabeça, formando uma cruz, significando a inteira pertença a Deus através dos cabelos da cabeça, que são as primícias do corpo, comandado pela cabeça: "eu me entrego todo a Deus".




Um diácono recebe um destes títulos: diácono leitor, diácono guardião ou diácono evangelista





Por Moises José de Lima

No dia 19 de outubro, a cidade de Boa Esperança do Sul, em São Paulo, foi palco de uma belíssima cerimonia de ordenação diaconal, na qual se encontraram, ao mesmo tempo, a tradição, a fé e a coragem. A Igreja Católica Ortodoxa Siríaca concedeu, pelas mãos de seu próprio líder no Brasil, Mor Dom José Faustino Filho, o título de diácono guardião, etapa que antecede a ordenação sacerdotal que se verificará no decorrer de 2015, ao ilustre Fundador e presidente da Associação Theotokos, e também membro do conselho da Liga Cristã Mundial, o Sr.  Kelmon Luís de Souza, homem de vida devotada a Igreja de Cristo e ao próximo, que ao longo dos mais de 20 anos de serviços prestados em defesa de Deus, da pátria e da família, acumulou um repertório vastíssimo de conquistas em benefício dos mais sofridos. Também juntou-se à Liga nesse dia especial o Arcebispo Dom José Faustino Filho, como Conselheiro da Liga Cristã Mundial.

Estiveram presentes na ordenação o excelentíssimo presidente da Liga Cristã Mundial, o Sr. Iskanda Riachi, juntamente com seu primeiro secretário, o Sr. Michel Riachi, e outros membros da Liga Crista Mundial como Moises Lima, líder da juventude da mesma. Esta organização de caráter internacional congrega em suas fileiras “os cristãos mais corajosos”, como afirma seu presidente, afirmação confirmada ao receberem públicos elogios durante a homilia do Bispo, que atestou categoricamente: “ter fé quer dizer precisamente ter coragem”.

Não é de se surpreender que o próprio Bispo tenha se identificado com o espírito combativo que norteia toda a atividade dos membros da Liga: “aqui faz sentido a expressão soldado de Deus” , afirmou o recém-ordenado Diácono Guardião, que recebera a missão sagrada do próprio Bispo de atuar como “guardião da Igreja” em São Paulo Capital, missão reforçada com o lembrete de que não deveria hesitar em “desembainhar a espada e combater” quando o que estiver em jogo for a Santa Igreja de Cristo. Tal pedido pode parecer extremado, mas, é preciso considerar o fato da Associação Theotokos e da Liga Crista Mundial serem conhecidos vulgarmente como “jesuítas da igreja ortodoxa”, já que são parte do corpo de tal Igreja, embora as atividades dediquem-se a todas as Igrejas Petrinas. Parafraseando um fiel presente naquele momento, a Liga e a Theotokos “fazem um trabalho que ninguém imagina”.

A Liga Cristã Mundial tem um histórico de realizações e se mostram pretensiosos em suas metas. No passado a Liga Cristã Mundial entrou na Justiça contra a realização do desrespeito promovido pela “parada gay” em São Paulo; também conseguiu, através de outra ação, recolher das bancas famosa revista pornográfica cuja “modelo” usou nua o Santo Crucifixo ao posar para fotos. A Liga ainda entrou na justiça contra peças de teatro que a pretexto do “humor livre” zombam da fé cristã. Os laços cada vez mais estreitos entre a Liga Cristã Mundial e a Associação Theotokos, a última por enquanto limitando-se a atuação em território nacional, tendo já tomado a frente na defesa da vida em ocasiões passadas, e que certamente fará tremer todo inimigo da Igreja. Não se trata de mais um grupo de cristãos, mas de uma ampla frente Católica Apostólica em defesa de Deus, da pátria e da família.

Tendo agora recebido tamanha honra pela admiração de Dom José Faustino, este Bispo ímpar, a Liga Cristã Mundial já vem considerando seriamente ajudar na Construção de uma Igreja Ortodoxa na capital paulista, onde o próprio futuro sacerdote Kelmon Luís poderá desenvolver suas atividades evangelizadoras. É uma grande honra para nós brasileiros que o presidente Iskanda Riachi tenha prestigiado nossa pátria ao conceder-nos a oportunidade de, unidos a Liga, lutarmos por nossa fé.
Mais informações sobre a Associação Theotokos podem ser encontradas em seu sítio. Aqueles que desejarem colaborar com a manutenção das atividades da associação podem ajudar comprando produtos religiosos em sua loja online, a Jabuti Artigos Religiosos.

Palavra e Silêncio

$
0
0
"O silêncio, portanto, não é um fim em si mesmo; não gera mais silêncio, mas produz fruto, que é a palavra, favorecendo o colóquio da alma com Deus. Daí que se pode dizer que o silêncio realça a Palavra."


Passamos recentemente por mais um setembro, mês dedicado às Sagradas Escrituras pela Igreja no Brasil. Neste contexto, por mais estranho que possa parecer, é muito apropriado falarmos sobre o silêncio.

No mundo hodierno vivemos constantemente bombardeados por estímulos artificiais, principalmente visuais e sonoros. São outdoors amontoados, construções arquitetônicas desconexas do seu redor, televisores constantemente ligados em nossas casas, veículos automotivos, músicas com ritmos frenéticos, etc. Todos estes estímulos causam em nosso íntimo uma sensação de desordem, de falta de harmonia, que nos dificulta - e muito! - o recolhimento interior e a reflexão sobre aquelas questões essenciais ao homem e a nossa vida terrena.

A situação chegou em tal ponto que a maioria dos homens têm um certo medo do silêncio. Basta pensarmos no televisor ligado na sala para gerar ruído, sem que ninguém o esteja assistindo. Ou nos fones de ouvido que muitas pessoas usam ao andar nas ruas, num momento que seria propício para a reflexão interior, para, como se diz, colocar o pensamento em dia, por mais que o ambiente exterior continue rodeado destes estímulos. Não que o uso de fone de ouvido na rua seja de todo ruim; pelo contrário, ouvindo uma boa música (calma, independentemente do gênero) conseguimos eliminar muito destes ruídos externos que causam harmonia e desordem. Mas os homens, em geral, parecem acreditar que silenciar é perder tempo, e então procuram subterfúgios para evitá-lo a todo custo.
"No silêncio, escutamo-nos e conhecemo-nos melhor a nós mesmos, nasce e aprofunda-se o pensamento, compreendemos com maior clareza o que queremos dizer ou aquilo que ouvimos do outro, discernimos como exprimir-nos. Calando, permite-se à outra pessoa que fale e se exprima a si mesma, e permite-nos a nós não ficarmos presos, por falta da adequada confrontação, às nossas palavras e ideias." (Papa Bento XVI. 46º Dia Mundial das Comunicações Sociais)
São Bento, ao falar do silêncio, faz uma distinção entre quies e silentium: o primeiro é a ausência de ruídos, a quietude, o silêncio físico; o último é um estado da mente, duma consciência atenta, voltada para os outros e para Deus. O homem de hoje, movido principalmente pela falta de quies, perdeu a capacidade do silentium, que tão desconhecido lhe é a ponto de causar-lhe medo.



Tenho por certo que nesta pouca quietação do homem moderno encontra-se uma das principais causas de sua enorme dificuldade em buscar o transcendente. Recordemo-nos da experiência do Profeta Elias, a quem Deus manifestou-Se não na força ou no ruído, mas na brisa suave:
11. O Senhor disse-lhe: Sai e conserva-te em cima do monte na presença do Senhor: ele vai passar. Nesse momento passou diante do Senhor um vento impetuoso e violento, que fendia as montanhas e quebrava os rochedos; mas o Senhor não estava naquele vento. Depois do vento, a terra tremeu; mas o Senhor não estava no tremor de terra.
12. Passado o tremor de terra, acendeu-se um fogo; mas o Senhor não estava no fogo. Depois do fogo ouviu-se o murmúrio de uma brisa ligeira.
13a. Tendo Elias ouvido isso, cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da caverna. (I Reis XIX - Bíblia Ave Maria)
Se a oração é o colóquio da alma com Deus, e toda conversação exige tanto momentos de fala como de escuta (silêncio), uma alma que não silencia torna-se incapaz de ouvir a Deus. 
“Para que as coisas possam guardar-se no interior e ser ponderadas no coração, é condição indispensável guardar silêncio. O silêncio é o clima que torna possível o pensamento profundo. Quem fala demasiado dissipa o coração e leva-o a perder tudo o que há de valioso no seu interior; assemelha-se então a um frasco de essência que, por estar destapado, perde o perfume, ficando apenas com água e um ligeiro aroma a recordar vagamente o precioso conteúdo de outrora” (SUÁREZ, Federico. A Virgem Nossa Senhora, Ed. Quadrante, pág. 185)
Infelizmente, no momento da história em que a humanidade menos silencia, nossas celebrações litúrgicas habitualmente não propiciam momentos de silêncio, ou não lhes dão a devida importância. Com isso, desacostumamo-nos com o silêncio na Liturgia, tal como estamos desacostumados com o silêncio no dia-a-dia. Sentimo-nos incomodados com os cinco segundos a mais que o grupo de música demorou para entoar o Kyrie, ou com o leitor que demora em começar a leitura do Lecionário.

Não temos uma alma contemplativa, que sabe silenciar (silentium). E aí temos um problema: sem o silêncio, a Liturgia transforma-se numa sequência ininterrupta de palavras, gestos e rituais em que apenas o homem fala, com pouco espaço para Deus. Este silêncio pode ser entendido como a pausa numa música, que possui uma função essencialmente ativa. Um instrumento em pausa coloca o seu instrumentista num estado de contemplação, por conta da sinfonia ocasionada pelos demais instrumentos, e simultaneamente de atenção, enquanto aguarda o momento de juntar-se aos demais de forma harmônica e bela. Sem as pausas, uma música transformar-se-ia num punhado de notas sobrepostas e difíceis de serem ouvidas e, portanto, contempladas.

De fato, a própria Liturgia cristã tem muito a ver com este sentido de pausa, de descanso. Deus, terminada a obra que havia feito, descansou ao sétimo dia da criação, consagrando-o (Gn II, 2ss). Também os cristãos passaram a consagrar o domingo, o Dies Domini (Dia do Senhor), o dia da nova criação, através principalmente da Liturgia, mas também do descanso do trabalho.

É preciso ter em conta que silenciar não é passar de uma postura ativa para outra, passiva. Não é passar do fazer para o nada fazer. Quem silencia troca uma ação (falar, fazer algum gesto ou rezar em voz alta) por outra ação (ouvir o que outro ou o próprio Deus fala, rezar interiormente unindo-se ao celebrante).

Uma das condições pessoais exigidas para uma frutuosa participação litúrgica é 
"o espírito de constante conversão que deve caracterizar a vida de todos os fiéis: não podemos esperar uma participação activa na liturgia eucarística, se nos abeiramos dela superficialmente e sem antes nos interrogarmos sobre a própria vida. Favorecem tal disposição interior, por exemplo, o recolhimento e o silêncio durante alguns momentos pelo menos antes do início da liturgia, o jejum e — quando for preciso — a confissão sacramental; um coração reconciliado com Deus predispõe para a verdadeira participação." (Papa Bento XVI, Sacramentum Caritatis, 55)
O silêncio, portanto, não é um fim em si mesmo; não gera mais silêncio, mas produz fruto, que é a palavra, favorecendo o colóquio da alma com Deus. Daí que se pode dizer que o silêncio realça a Palavra.
Não há que surpreender-se se, nas diversas tradições religiosas, a solidão e o silêncio constituem espaços privilegiados para ajudar as pessoas a encontrar-se a si mesmas e àquela Verdade que dá sentido a todas as coisas. O Deus da revelação bíblica fala também sem palavras: «Como mostra a cruz de Cristo, Deus fala também por meio do seu silêncio. O silêncio de Deus, a experiência da distância do Omnipotente e Pai é etapa decisiva no caminho terreno do Filho de Deus, Palavra Encarnada. (...) O silêncio de Deus prolonga as suas palavras anteriores. Nestes momentos obscuros, Ele fala no mistério do seu silêncio» (Exort. ap. pós-sinodal Verbum Domini, n. 21). No silêncio da Cruz, fala a eloquência do amor de Deus vivido até ao dom supremo. Depois da morte de Cristo, a terra permanece em silêncio e, no Sábado Santo – quando «o Rei dorme (…), e Deus adormeceu segundo a carne e despertou os que dormiam há séculos» (cfr Ofício de Leitura, de Sábado Santo) –, ressoa a voz de Deus cheia de amor pela humanidade.

Se Deus fala ao homem mesmo no silêncio, também o homem descobre no silêncio a possibilidade de falar com Deus e de Deus. «Temos necessidade daquele silêncio que se torna contemplação, que nos faz entrar no silêncio de Deus e assim chegar ao ponto onde nasce a Palavra, a Palavra redentora» (Homilia durante a Concelebração Eucarística com os Membros da Comissão Teológica Internacional, 6 de Outubro de 2006). Quando falamos da grandeza de Deus, a nossa linguagem revela-se sempre inadequada e, deste modo, abre-se o espaço da contemplação silenciosa. (Papa Bento XVI. 46º Dia Mundial das Comunicações Sociais)



Por esta razão a Liturgia Romana sempre dedicou muito espaço para o silêncio. Quando foi normatizada por São Pio V, a Liturgia Romana já possuía muitos momentos de silêncio, e que ainda podem ser observados na Forma Extraordinária. Hoje, mesmo que todos os momentos de silêncio prescritos na Forma Ordinária sejam observados - o que raramente ocorre - ainda são em menor quantidade. Isto, aliado ao crescente interesse dos jovens pelo Usus Antiquior e à constante necessidade dos últimos Papas em reforçar a redescoberta do silêncio na Liturgia, leva a um saudável questionamento, tendo em vista uma eventual Reforma da Reforma, se a diminuição brusca do silêncio foi pastoralmente apropriada ou não. (Por outro lado, é digno de menção que a catequese litúrgica dos fiéis daqueles tempos muitas vezes não permitia que o rito mais silencioso fosse acompanhado de forma mais frutífera, algo que hoje parece superado entre os fiéis que freqüentam a Forma Extraordinária.)

O Silêncio na Forma Ordinária

Por não ser tão observado nas celebrações litúrgicas da Forma Ordinária, falemos mais do silêncio aí. O silêncio foi tido em conta pelos Padres Conciliares, a ponto de tocarem - embora sucintamente - de forma explícita no assunto. Ao contrário daquele que é o senso comum entre certos liturgistas modernos, o silêncio entrou justamente num trecho em que fala da participação ativa do povo, o que reforça o que foi dito anteriormente.

A Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, publicada em 1963, em seu Capítulo I, intitulado "Princípios Gerais em Ordem à Reforma e Incremento da Liturgia", na seção "III - Reforma da Sagrada Liturgia", subseção "A. Normas gerais", diz o seguinte:
"A participação do povo
30. Para fomentar a participação ativa, promovam-se as aclamações dos fiéis, as respostas, a salmodia, as antífonas, os cânticos, bem como as ações, gestos e atitudes corporais. Não deve deixar de observar-se, a seu tempo, um silêncio sagrado."
No 40º aniversário da Sacrosanctum Concilium, São João Paulo II, observando como o silêncio havia sido deixado de lado na liturgia, escreveu com maior ênfase sobre esta questão:
"Um aspecto que é preciso cultivar com maior compromisso, no interior das nossas comunidades, é a experiência do silêncio. Temos necessidade dele "para acolher nos nossos corações a plena ressonância da voz do Espírito Santo, e para unir estreitamente a oração pessoal à Palavra de Deus e à voz pública da Igreja"(32). Numa sociedade que vive de maneira cada vez mais frenética, muitas vezes atordoada pelos ruídos e perdida no efémero, é vital redescobrir o valor do silêncio. Não é por acaso que mesmo para além do culto cristão, se difundem práticas de meditação que dão importância ao recolhimento. Por que não começar, com audácia pedagógica, uma educação ao silêncio no contexto de coordenadas próprias da experiência cristã? Que esteja diante dos nossos olhos o exemplo de Jesus, que "tendo saído de casa, retirou-se num lugar deserto para ali rezar" (Mc 1, 35). Entre os seus diversos momentos e sinais, a Liturgia não pode minimizar o silêncio." (João Paulo II. Spiritus et Sponsa, n. 13)
Os livros litúrgicos modernos tratam do silêncio em alguns trechos, apresentados abaixo:

IGMR - Instrução Geral do Missal Romano, 3ª edição (2008)
O silêncio

XII. SILÊNCIO SAGRADO
201. Geralmente, em todas as celebrações litúrgicas se há de procurar «guardar, nos momentos próprios, um silêncio sagrado». Consequentemente, na celebração da Liturgia das Horas, facultar-se-á também a possibilidade de uns momentos de silêncio.
202. E assim, conforme as conveniências e a prudência aconselharem, seguindo o costume dos nossos maiores, poder-se-á introduzir uma pausa de silêncio após cada salmo, depois de repetida a antífona, mormente quando, a seguir ao salmo, se disser uma coleta salmódica (cf. n. 112); ou ainda após as leituras, breves ou longas, antes ou depois do responsório. Este momento de silêncio visa obter a plena ressonância da voz do Espírito Santo nos corações e unir mais estreitamente a oração pessoal à palavra de Deus e à oração oficial da Igreja.
Cuidar-se-á, porém, que o silêncio não venha alterar a estrutura do Ofício ou causar aos que nele participam mal-estar ou enfado.
203. Na recitação individual, é deixada mais ampla liberdade quanto a estas pausas, com o fim de meditar alguma fórmula susceptível de estimular afetos espirituais, sem que por isso o Ofício perca o seu caráter de oração pública.
45. Oportunamente, como parte da celebração deve-se observar o silêncio sagrado*. A sua natureza depende do momento em que ocorre em cada celebração. Assim, no ato penitencial e após o convite à oração, cada fiel se recolhe; após uma leitura ou a homilia, meditam brevemente o que ouviram; após a comunhão, enfim, louvam e rezam a Deus no íntimo do coração.
Convém que já antes da própria celebração se conserve o silêncio na igreja, na sacristia, na secretaria e mesmo nos lugares mais próximos, para que todos se disponham devota e devidamente para realizarem os sagrados mistérios.
* Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. sobre a S. Liturgia, Sacrossanctum Concilium, n. 30; S. Congre. dos Ritos, Instr. Musicam sacram, de5 de março de 1967, n. 17: A.A.S. 59 (1967) p. 305 

Na edição anterior da IGMR, que acompanha a 2ª edição do Missal Romano, este trecho equivale ao n. 23. O último parágrafo, contudo, a respeito do silêncio extra-litúrgico na igreja, é uma novidade da atual edição da IGMR.

Ordo Lectionum Missae (1981), tradução minha a partir do espanhol
28. A Liturgia da Palavra deve celebrar-se de tal maneira que favoreça a meditação; por isso, há de se evitar todo tipo de pressa, que impede o recolhimento. O diálogo entre Deus e os homens, que se realiza com a ajuda do Espírito Santo, requer breves momentos de silêncio, adequados à assembléia presente, para que neles a palavra de Deus seja acolhida interiormente e se prepare uma resposta por meio da oração. 
Estes momentos de silêncio podem ser guardados, por exemplo, antes de começar a Liturgia da Palavra, depois da primeira e da segunda leituras, e ao terminar a homilia.

Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas
XII. SILÊNCIO SAGRADO

201. Nas ações litúrgicas deve-se procurar em geral que se guarde também, há seu tempo, um silêncio sagrado; por isso, haja ocasião de silêncio também na celebração da Liturgia das Horas.

202. Por conseguinte, se parecer oportuno e prudente, para facilitar a plena ressonância da voz do Espírito Santo nos corações e unir mais estreitamente a oração pessoal com a Palavra de Deus e com a voz pública da Igreja, pode-se intercalar uma pausa de silêncio, após cada salmo, depois de repetida sua antífona, de acordo com antiga tradição, sobretudo se depois do silêncio se acrescentar a coleta do salmo; ou também após as leituras tanto breves como longas, antes ou depois do responsório.

203. Na recitação a sós, haverá maior liberdade para demorar na meditação de alguma fórmula, que incentive a elevação espiritual, sem que com isso o Ofício perca sua natureza pública.


E você, caro leitor? Conte-nos como o silêncio é ou não vivido por ti ou em tua comunidade. Consegues aproveitar o silêncio em tuas celebrações litúrgicas? Ou ele está em falta?

Referências

Arquibasílica do Santíssimo Salvador

$
0
0


História
Na região do monte Célio, em Roma, também conhecido como latrão fora construído um palácio  para a mulher do Imperador Constantino que, depois da conversão do imperador passou a servir de morada aos papas desde os tempos antigos até o cativeiro de Avignon. Não se localiza propriamente no centro da cidade antiga, mas bem próximo aos muros aurelianos que delimitavam-na.



Por uma questão de conveniência, esta mesma região foi escolhida para abrigar a catedral da diocese de Roma a ser construída no século IV depois do édito de Milão. A basílica primitiva conhecida como Basilica Aurea, foi construída tendo a faixada voltada para o oriente e a abside para o ocidente, o oposto das tradicionais igrejas medievais. A basílica antiga já brilhava em grandeza e arte, possuía 5 naves separadas por colunas, com clarestórios. Sua arquitetura original sofreu muitos restauros em função das agressões do tempo e de vândalos, entre os quais se destaca aquela feita a mando do Papa Adriano na páscoa de 744, quando ali foi batizado Carlo Magno. Todavia, devido a um terremoto no ano de 896 o teto veio a baixo, sendo necessária uma completa reconstrução da basílica.




A segunda basílica, da baixa idade media, foi construída respeitando as proporções da antiga e dedicada no início do século X, foi também nessa época que a catedral ganhou o Batistério que fora dedicado a São João Batista, que passou a ser co-titular também da catedral. No século XII o Papa Julio II dedicou a São João Evangelista o Palácio Lateranense, acrescentando-o ao grupo dos co-titulares da catedral. Desse período até o século XIV a Catedral de Roma ganhou inúmeras obras de arte como mosaicos e túmulos. O fim da imponência desta igreja chegou com o cativeiro de Avignon, quando o complexo do latrão se viu em completo abandono. Até que na noite de 6 de Maio de 1608 a basílica foi quase que completamente destruída por conta de um incêndio.


A terceira basílica, alta idade media, mantinha a estrutura básica das antigas, mas embora se enviasse de Avignon a Roma algum dinheiro para a construção da basílica, as tentativas de manter a beleza de outrora eram insuficientes. A grande novidade na construção desta basílica foi a inserção do transepto, uma nave perpendicular às principais que fazia a igreja ganhar o formato de cruz latina. Assim a planta da basílica do latrão, por influência de São Paulo fora dos muros, passou a ser também em cruz. Também foi acrescentado ao altar um grandioso cibório com os bustos dos apóstolos Pedro e Paulo.



O fim da terceira basílica se deu quando o Papa Inocêncio X decidiu por confiar a Barromini a reforma da igreja. A quarta basílica, a atual, foi construída de Inocêncio X até clemente XII, quando foi terminada a faixada, projeto de Alessandro Galilei. Das basílicas medievais restaram apenas o chão, o cibório e os mosaicos próximos à catedra do Papa.
Títulos

 O título completo desta igreja é "Sacrossanta Catedral Papal Arquibasílica Romana Maior do Santíssimo Salvador dos Santos João Batista e Evangelista no Latrão, mãe e cabeça de todas as igrejas da Cidade (Roma) e do Mundo". Trata-se da Catedral de Roma, umas das quatro basílicas maiores da mesma cidade e a única com o título de arquibasílica, superando assim todas as demais igrejas no mundo, mesmo a Basílica Papal de São Pedro no Vaticano. Sua dedicação é a única celebrada em todo o mundo de rito romano a título de festa do senhor, tendo precedência inclusive sobre a liturgia dominical do tempo comum. Apesar de todos esses títulos, a Arquibasílica não é matriz paroquial, a dita Paróquia do Santíssimo Salvador tem como matriz uma capela anexa ao batistério da catedral, para uma melhor manutenção da vida paroquial.

Arquitetura e Arte Sacra

A Arquibasílica é riquíssima em arte e arquitetura sacra, descacam-se a faixada de estilo renascentista onde se notam três níveis básicos: os portões que dão para o átrio, a loggia e a cobertura onde estão diversas imagens de santos, dentre as quais a mais proeminente é a do Cristo com a Cruz, símbolo da Salvação. Entre os portões que dão acesso ao átrio se encontra a inscrição de "Mater et Caput..." e também as claves com a umbella.



Existe ainda uma faixada lateral, menor, de onde se pode sair da igreja em procissão ao batistério ou chegar à praça João Paulo II onde se encontra o Obelisco. Essa segunda entrada possui também um segundo átrio, decorado não com escultura como o principal, mas com pintura. Sobre este átrio encontra-se uma loggia igualmente decorada e ainda o campanário com os sinos da igreja.




No interior, as quatro naves laterais são decoradas com figuras angélicas alternadas, nessas naves se encontram os confessionários em madeira, todos identificados com as armas papais, o triregnum e as chaves, e as inscrições relativas à arquibasílica. Também se encontram ali as entradas para as muitas capelas laterais. A nave principal e o transepto possuem um pé direito mais elevado e também uma decoração muito mais pesada, baseada em símbolos litúrgicos esculpidos em material dourado sobre um fundo que se alterna entre o vermelho e o azul.





A lateral da nave principal possui esculturas representando os doze apóstolos feitas por diversos artistas, mas mantendo um mesmo estilo e dimensões, São Pedro e São Paulo ocupam a posição principal, próximos ao altar.


À frente do altar se encontra uma pequena "confessio" onde se encontra o túmulo do Papa Martinho V. O altar propriamente dito se encontra um baldaquino que abriga o busto dos apóstolos Pedro e Paulo. É um baldaquinho proveniente da terceira basílica de estilo gótico e por isso mesmo de dimensões muito mais reduzidas em relação àquele de São Pedro.


Na parte do fundo da nave central, atrás do transepto se encontra o elemento que confere a essa igreja tamanha dignidade: a catedra romana. Sobre uma quantidade considerável de degraus, em meio ao coro de madeira, a cátedra do Bispo de Roma.


 No transepto, do lado do evangelho se encontra o "Altar do Sacramento", um belíssimo altar com relicário e sacrário e um baldaquino unido à parede do fundo, ocupando o espaço do antigo órgão. No lado da epístola o órgão novo sobre o acesso ao átrio lateral. Uma atração que se pode ver por toda a igreja é o chão, uma das poucas partes da igreja que sobreviveram às agressões do tempo.


Das muitas capelas que a Igreja possui, uma que chama a atenção é a Capela de São Francisco de Assis, onde é reposto o santíssimo sacramento após a Missa na Ceia do Senhor da Quinta-feira Santa.



 Diferente das outras basílicas papais, o batistério da arquibasílica se encontra em um edíficio que, embora próximo, é separado. Neste edifício se encontram além da pia batismal, cinco altares. 



Vida Litúrgica
A Igreja Lateranense possui uma vida litúrgica intensa, oferendo diariamente pelo menos oito missas, um número ainda maior nos dias festivos. Existem na igreja doze confessionários onde os padres franciscanos atendem diariamente confissão em dez idiomas: polonês, italiano, espanhol, romeno, alemão, russo, francês, irlandês, português e inglês. Além disso, existe adoração eucarística todos os dias, com bênção eucarística duas vezes por dia: ao meio dia e às cinco da tarde.

Tomada de Posse da Catedra Romana
Embora o início do ministério do Bispo de Roma não se inicie com a sua posse na Catedral, a primeira visita do Papa à sua catedral e o simbólico gesto de sentar na cátedra se mantém como um dos mais importantes do início do pontificado. O rito bastante simples constitui em uma visita do sucessor de Pedro à arquibasílica e, no início da celebração eucarística, com mitra e báculo sobe os degraus da abside e se coloca no posto símbolo de sua autoridade suprema na Igreja. À seguir juram obediência ao Papa alguns representantes das diferentes classes de fiéis da diocese de Roma.








Inscrições que marcam a dedicação da Catedral pelo Papa Inocêncio X no ano jubilar de 1650.

12 de Novembro: início dos 30 dias de preparação para a Consagração Total! Envie seus dados por aqui…

$
0
0


Seguindo os passos de São João Paulo II, chegamos agora ao auge da nossa 5ª Campanha Nacional de Consagrações à Virgem Maria. A primeira após a canonização deste Papa de Maria!  Milhares de pessoas espalhadas em grupos por todo o Brasil prepararam-se para fazer ou renovar a sua Consagração Total a Nosso Senhor Jesus Cristo, por meio de nossa Mãe Santíssima, pelo método de São Luis Maria Grignion de Montfort, no dia 12 de dezembro de 2014, Festa de Nossa Senhora de Guadalupe (ou datas próximas, por razões locais).
Vivemos um Momento Mariano na Igreja, pois:

  • No Grande Jubileu do ano 2000, São João Paulo II consagrou o Terceiro Milênio à Nossa Senhora.
  • No dia 13 de Outubro de 2013, o Papa Francisco consagrou o mundo ao Imaculado Coração de Maria.
  • No dia 27 de Maio de 2014, o Papa Francisco elevou João Paulo II, que tão bem viveu a Consagração à Virgem Maria , à glória dos altares, juntamente com João XIII..

Agora, cabe a cada um de nós tomar posse, pessoalmente, dessa Consagração, e consagrar-se à Virgem Maria. É isso que queremos fazer em 12 de Dezembro.
A CONSAGRAÇÃO ou RENOVAÇÃO da Consagração pode ser feita, de preferência, na Santa Missa, ou ainda de maneira privada.
Para que não reste nenhuma dúvida, por favor, leiam o texto abaixo.

QUEM PODE SE CONSAGRAR EM NOSSA CAMPANHA?
Todos que se prepararam em grupo ou individualmente para fazer a Consagração Total à Maria Santíssima, pelo método de São Luis Maria Grignion de Montfort, no dia 12 de dezembro de 2014, ou ainda em datas próximas.
De forma geral, recomendamos não se consagrar e nem mesmo iniciar os 30 dias de preparação SEM A LEITURA COMPLETA do Tratado. Devido à importância e abrangência da Consagração não é possível realizá-la sem conhece-la bem. Além disso, a Consagração é feita uma vez na vida, portanto, é importante conhecê-la bem.
Esclarecemos também que a Consagração pode ser realizada em outro momento, após a leitura do livro. Ela pode ser feita em grupo ou individualmente, em data escolhida livremente.
Para quem ainda não tem o “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”, ele poderá ser adquirido através dos links abaixo, em nosso material de apoio.

QUEM PODE RENOVAR A CONSAGRAÇÃO NA NOSSA CAMPANHA?
Todos que já fizeram a Consagração Total pelo método de São Luis Maria Montfort, em absolutamente qualquer da data que tenha feito (a Consagração pode ser renovada, individualmente, todos os dias, inclusive).
A data da Renovação NÃO depende necessariamente da data da Consagração.
Recomendamos que aqueles que renovarem a Consagração façam também os 30 dias de orações preparatórias (embora não seja imprescindível, e quem por alguma razão não o fizer, poderá renovar tranquilamente).
ORAÇÕES PREPARATÓRIAS
Aqueles que irão se consagrar ou tão somente renovar a consagração na Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, devem iniciar os 30 dias de orações preparatórias no dia 12 DE DE NOVEMBRO.
As orações próprias estão indicadas no “Tratado” (n. 227-233), podendo também ser encontradas abaixo, em nosso material de apoio.
FALHEI DURANTE OS 30 DIAS: O QUE FAZER?
Recomendamos que, mesmo que haja alguma falha durante as orações preparatórias, que isso não seja motivo de desistência. Permaneça fiel e consagre-se.
O demônio odeia esta consagração total e poderá se utilizar de algum escrúpulo por não ter cumprido cem por cento os atos de preparação para, assim, incitar à desistência.
Além disso, a consagração é um ato interior, que não depende necessariamente dos atos exteriores de preparação.
No caso de uma queda em pecado mortal, que haja, evidentemente, arrependimento e se busque a Confissão o mais rápido possível, mas que isso também não seja motivo de desistência.

NO DIA DA CONSAGRAÇÃO, O QUE SE FAZ?
 deve-se oferecer algum tributo a Nosso Senhor e a Santíssima Virgem, em penitência
das nossas infidelidades e em sinal de dependência Deles. Poderá ser algum jejum, ou penitência, ou ato de caridade a um necessitado (ver Tratado, n. 232).
- deve-se utilizar um sinal físico da Consagração, a ser levado sempre junto consigo (Tratado n.236-242). São Luis sugere usar “pequenas cadeias de ferro”, mas evidentemente que este sinal pode ser substituído com algo mais compatível com o estilo de vida de cada um (como uma Medalha da Santíssima Virgem, um Escapulário, uma pequena corrente, um anel etc).
- para a Consagração, propriamente dita, deve ser escrita e assinada em uma folha a fórmula da Consagração (que pode ser encontrada em nosso Material de Apoio). Aqueles que irão se consagrar durante a Santa Missa, devem ler a fórmula rezando a respectiva oração após a homilia ou Comunhão. Trata-se de um tesouro que deve ser guardado com muito zelo.
IMPORTANTE: ENVIO DOS DADOS
Aqueles que quiserem participar da nossa Campanha FAZENDO ou RENOVANDO a Consagração, deverão enviar os seus dados, preenchendo o formulário no link abaixo, até o dia 09 de Dezembro de 2014 (os nomes serão oferecidos na Santa Missa):
Os dados das crianças deverão ser enviados normalmente, da mesma forma que dos adultos.
Os coordenadores dos diversos grupos de preparação para Consagração deverão estar atentos para enviar os dados dos membros do grupo não tiverem acesso à internet.
MATERIAL DE APOIO
Temos à disposição:
  • Aulas do Pe. Paulo Ricardo explicando parte por parte do “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem” (aulas preparatórias para a Campanha de 2011) – versão on-line ou DVD
As dúvidas de todos poderão ser respondidas também pelo mail:  duvidas@consagrate.com
Site de referência: http://www.consagrate.com
“Por fim, o Meu Imaculado Coração Triunfará!”

Cerimônia de investidura - Paróquia de Nossa Senhora do Rosário do Novo Guararapes em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco

$
0
0


Cerimônia de investidura realizada no dia 07/09/2014, na paróquia de Nossa Senhora do Rosário do Novo Guararapes em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, Brasil, paróquia sob a administração do Padre Fábio Potiguar. A cerimônia foi realizada de acordo com o rito de consagração de novos acólitos, e foram consagrados para o altar 26 adolescentes, com idades entre 12 e 34 anos, meninos e meninas, sendo entre estes 8 cerimoniais. A celebração contou com a presença da comunidade e de acólitos vindos de paróquias vizinhas. As vestes foram confeccionadas em um atelier especializado em costura para a Igreja Católica, e escolhemos batinas pretas e sobrepeliz branca, com detalhes em linha desfiada e costura com fios dourados para os cerimoniais e cinza para os demais acólitos.


Fotos enviados pelo nosso leitor:  Alexandre Joventino




















Convite: Dom Athanasius Schneider em lançamento de livro no Brasil

$
0
0

Já falamos aqui do livro "CORPUS CHRISTI: A Sagrada Comunhão e a Renovação da Igreja", publicado originalmente pela editora do Vaticano e traduzido ao português de Portugal, de autoria de Dom Athanasius Schneider.

Dom Athanasius, um dos grandes nomes do atual movimento litúrgico, e apoiador deste nosso humilde apostolado, estará em São Paulo no próximo dia 27 para o lançamento de seu livro em nosso país.  Não percam!

Mais informações no convite abaixo:


Por fim, agradeço ao leitor José Tadeu Hoe pela indicação.

Concurso de Presépios Paroquiais do Salvem a Liturgia - 2014 (Editado - 17/12)

$
0
0



Primeira fase


Vocês deverão enviar uma única foto do presépio de sua paróquia. A foto deve ser enviada por e-mail para: alex@salvemaliturgia.com. Este será a única maneira para o envio das fotos para que possamos evitar o acúmulo de mensagens em diferentes canais de comunicação e o risco de alguma mensagem não ser lida.


Algumas informações são indispensáveis:


  • Paróquia
  • Diocese
  • Cidade/estado
  • Nome do pároco
  • Nome de quem está enviando a foto
  • Colocar no campo “assunto”: [Concurso de Presépios]

Fica entendido que ao enviar a foto com tais informações citadas acima, o paróco estará de acordo em participar do concurso. As fotos serão publicadas em nossa página no Facebook em um álbum que será criado com o nome de: Concurso de presépios 2014. As fotos deverão ser enviadas a partir do dia 25 de dezembro. Não serão aceitas fotos  antes ou depois da hora e data marcada. O não envio de uma destas informações invalida a inscrição.

Os membros do Salvem a Liturgia escolherão entre as fotos enviadas, os três presépios mais bonitos. Isso acontecerá no dia 31 de dezembro. As três melhores fotos serão publicadas em um álbum que será criado no mesmo dia cujo nome será: Finalistas do concurso de presépios 2014.

Participarão da Escolha os seguintes membros do apostolado:

Rafael Brodbeck
Aline Brodbeck
Daniel Volpato
Maite Tosta
Alex Camillo
Kairo Neves
Cleiton Robsonn
Padre Wendel Mendonça
Alfredo Votta


Imagem meramente ilustrativa
Segunda Fase

Vocês escolherão os vencedores. Colocaremos o álbum em destaque em nossa página e divulgaremos o concurso, ambas as fases, em nosso blog. Vocês podem usar seus murais para pedir que as pessoas curtam a foto, podem utilizar a página da paróquia, podem enviar e-mails para seus contatos pedindo que curtam, podem fazer vídeos pedindo curtidas em redes sociais, outras, inclusive, que não seja o facebook. Usem a criatividade para angariar curtidas. Só serão aceitas curtidas até às 23h59 do dia 05 de janeiro. O resultado será divulgado à meia noite do dia 06 de janeiro. Os membros do Apostolado não poderão curtir as fotos. E os participantes não podem pedir que os membros do Salvem a Liturgia as curtam!
Premiação


O Primeiro colocado ganhará: Jogo de casula e estola
O segundo colocado: Jogo de altar
O terceiro colocado: Jogo de altar

Os prêmios são uma cortesia da loja Arte SacroO ganhador poderá escolher a cor da Casula. Opções: Roxa, Vermelha, Verde, Branca - A Casula acompanha estola interna. 

Após a divulgação dos vencedores, estes entrarão em contato via e-mail para: daniel@salvemaliturgia.com com o endereço para o qual o(s) prêmio(s) devem ser enviados em até 48 horas. Caso não seja, o ganhador perde direito à premiação; sendo o primeiro colocado, sua premiação passará ao segundo colocado.

Cronograma:

Início do concurso: 25 de novembro
Fim da primeira fase: 29 de dezembro
Divulgação dos finalistas: 31 de dezembro
Resultado final: 06 de janeiro
Regras adicionais:

            
  • As curtidas das fotos dos finalistas serão zeradas na segunda fase, as curtidas não são cumulativas;
  • Só aceitaremos fotos com presépios completos, Menino Jesus na manjedoura em destaque;
  • Os presépios são paroquiais, não vale enviar fotos de seus presépios particulares;
  • Só valem fotos de presépios do ano de 2014.
  • É permitido o envio de fotocolagem.
  • É permitido o envio de fotos com filtros através de uso de aplicativos mobile.
  • É permitido o uso de ferramentas de edição, Photoshop, por exemplo? Não.
  • Participei ano passado. Posso participar esse ano também? Sim!



A origem da coroa do advento, por Pe. Paulo Ricardo

$
0
0

O Revmo. Pe. Paulo Ricardo publicou recentemente uma de suas "respostas católicas" a respeito da origem da Coroa do Advento.

O vídeo, de pouco mais de 6 minutos, pode ser visto aqui.

De acordo com as pesquisas do padre, a origem estaria na igreja luterana:
Pode parecer surpreendente, mas a sua origem está ligada à religião luterana. O seu uso começou em 1839, por iniciativa de um pastor chamado Johann Wichern. Ele cuidava de uma casa de auxílio social a crianças pobres. Nas proximidades do Natal, as crianças, ansiosas, sempre perguntavam quando era a festividade. Então, para marcar a sua chegada, ele fez uma roda com uma vela para cada dia do Advento, de forma que havia velas pequenas para os dias da semana e quatro maiores para simbolizar o domingo. Vários pastores começaram a fazer o mesmo em suas comunidades, simplificando o enfeite para quatro velas. Depois, juntou-se a essa ideia a já tradicional guirlanda natalina.
A coroa do advento proposta pelo pastor Wichern (Fonte: Wikimedia Commons)
Aos interessados, há outra pesquisa sobre o assunto, desta vez de autoria de Frei Alberto Beckhäuser, que já publicamos aqui.



Présepios da Exposição do Museu de Arte Sacra de SP

$
0
0
Amanhã (25), Natal do Senhor, inicia-se a segunda edição do Concurso de Presépios Paroquiais do Salvem a Liturgia!, em parceria com a Arte Sacro Paramentos Litúrgicos. Não deixe de visitar as regras do concurso e inscrever tua paróquia. Além de fomentar uma maior piedade aos fiéis neste tempo tão importante da vida da Igreja, estarão concorrendo a belíssimos prêmios.

Por conta do nosso Concurso de Presépios Paroquiais, lembrei-me da visita ao Museu de Arte Sacra de São Paulo que fiz no ano de 2012. Na ocasião pude visitar a exposição permanente de presépios que lá se encontrava, cujas fotos que tirei publico agora, também como uma forma de inspirar os nossos leitores nos presépios que serão inscritos no concurso deste ano.

Presépio polonês
Presépio polonês (detalhe)





Presépio napolitano



Atualmente o museu exibe a exposição "Presepe di Carta - Coleção Celso Battistini Castro Rosa" e a exposição virtual "Cenas do Presépio Napolitano".

O que é o presépio? Especialistas respondem

$
0
0
Amanhã (25), Natal do Senhor, inicia-se a segunda edição do Concurso de Presépios Paroquiais do Salvem a Liturgia!, em parceria com a Arte Sacro Paramentos Litúrgicos. Não deixe de visitar as regras do concurso e inscrever tua paróquia. Além de fomentar uma maior piedade aos fiéis neste tempo tão importante da vida da Igreja, estarão concorrendo a belíssimos prêmios.

Para aprofundarmo-nos no presépio, trago logo abaixo o capítulo introdutório do livro "O Presépio das Crianças" (Editora Quadrante), de autoria do Pe. Flávio Sampaio de Paiva, que explica o presépio sob ângulos diversos.

Presépio do Vaticano (2014) | Foto: REUTERS/Giampiero Sposito | D.R.

O livro traz dois contos natalinos que servem como ótima meditação para este Tempo do Natal que se aproxima. Os contos também foram gentilmente publicados pelo autor em blogues e podem ser encontrados em: O Conto do Presépio das Crianças e O Conto dos Animais do Presépio.

O primeiro conto, aliás, conta a história de um sacerdote que deseja, através do presépio, ajudar seus paroquianos a meditarem melhor no mistério do Natal. O cura pensava consigo: "As pessoas não sabem entrar no presépio, não descobriram as chaves que abrem as portas do verdadeiro presépio de Belém. E assim não abrem as portas do seu coração para que Deus entre nele e ali possa nascer."Tudo a ver com nosso Concurso de Presépios, não?

Presépio do Vaticano (2014) | Foto: REUTERS/Giampiero Sposito | D.R.
***
Perguntei a um especialista em línguas: O que é o presépio? Ele respondeu-me:

Presépio é uma obra de arte sacra, composta de figuras de materiais diversos, que representa o estábulo de Belém e as cenas relacionadas com o nascimento de Jesus. Contém a representação da manjedoura (cocho) em que Jesus foi posto ao nascer.

A palavra presépio vem do latim praesepium, que por sua vez vem de prae – “antes”, “na frente de” – e de saepes – “sebe”, “cerca”, “grade” –. O significado original dessa palavra era, pois, o de um recinto fechado onde se encerravam os animais: um curral, uma estrebaria. E como os animais confinados no curral precisavam comer, o significado dessa palavra estendeu-se também ao lugar em que os animais comem, à manjedoura.


Perguntei a um crítico de arte brasileiro: O que é o presépio? E ele respondeu-me:

Os cristãos celebram o Natal desde fins do século III,  quando já peregrinos se dirigiam ao local de nascimento de Cristo, a gruta de Belém. No século seguinte, a cena da Natividade aparece em relevos de sarcófagos, instrumentos litúrgicos ou afrescos, que mostram a Virgem Maria, a Adoração dos Reis Magos e o Menino a repousar na manjedoura.

A primeira dessas imagens de que se tem notícias foi esculpida em um sarcófago do século IV, e encontra-se hoje no Museu das Termas, em Roma. É um baixo-relevo em que uma árvore faz o papel de cabana, um pastor medita apoiado em um bastão, o Menino está em um cocho rústico envolto em panos, ladeado por um burro e um boi.

Bem depois, em 1223, na Itália, ocorre um fato marcante na história dos presépios. São Francisco de Assis, em vez de festejar a noite do Natal na igreja, como se fazia habitualmente, decidiu levar uma manjedoura, um boi, um burro e outros elementos do presépio a uma gruta nos arredores da cidadezinha de Greccio, fazendo uma representação ao vivo da cena. Assim, Francisco ganhou a fama de ter criado o presépio, embora somente séculos mais tarde os presépios tenham adquirido a forma atual.

No século XV, passou a haver representações do Natal em forma de esculturas, muitas vezes em tamanho natural, expostas em oratórios (capelas) nas igrejas. Sempre havia aí uma preocupação didática: pretendia-se que os espectadores, ao olharem o presépio, tivessem a sensação de estar penetrando no palco da História Sagrada.

No século seguinte, as figuras libertam-se das capelas e começam a aparecer soltas, em grupos. Nasce assim o presépio como o concebemos hoje: capaz de ser modificado por cada artista que o constrói ou por cada pessoa que o monta, em sua casa, ano após ano. Aliás, a graça do presépio está em ser criativo, tornando cada um deles diferente, pessoal e único. O primeiro presépio deste tipo que se conhece em uma casa privada foi provavelmente elaborado em 1567: sabemos pelo seu testamento que a Duquesa de Amalfi, Constanza Piccolomini, possuía dois baús com 116 figuras, utilizadas para representar o Nascimento e a Adoração dos Reis Magos.

No século XVIII, conventos e cortes dedicaram-se à construção de presépios. Em Nápoles, Carlos III, rei das Duas Sicílias, investiu fortunas para construir presépios de madeira talhada ou pedra esculpida com um enorme número de personagens coloridos e cenas da vida popular; daí proveio a tradição dos presépios napolitanos.

Se Nápoles, Sicília, Munique e a região alpina alemã estabeleceram uma tradição em presépios, o Brasil não ficou atrás. Já em 1532, o padre José de Anchieta, ajudado pelos índios, modelava em barro pequenas figuras representando o presépio, com o propósito de inculcar nos indígenas a tradição de honrar o Menino Jesus no dia de Natal. Mais tarde, começaram a aparecer cenas com características nacionais, como lavadeiras que carregavam trouxas, fazendeiros que cuidavam de animais, mulheres que davam milho a galinhas, monjolos, montes, árvores da terra e igrejinhas iluminadas.

No século XX, surgem legítimos representantes nacionais da arte do presépio. Um caso é o presépio do Pipiripau, em Belo Horizonte, com quarenta e duas cenas. Outro destaque é o trabalho das figureiras do Vale do Paraíba, em São Paulo, principalmente Taubaté. E como esquecer o mestre Vitalino de Caruaru, Pernambuco, com as suas pequenas figuras modeladas em barro? E as obras realizadas em São Paulo por Evarista Ferraz Salles, pioneira no Brasil em trabalhos de artesanato de palha, milho e bucha, com os seus presépios dentro de cabaças, que são reconhecidos nacional e internacionalmente? (4)

(4) Cfr. Oscar D´Ambrósio, A arte dos presépios, em www.artcanal.com.br/oscardambrosio/presepio.


Perguntei a um teólogo: O que é o presépio? Ele respondeu-me sabiamente:

A festa de Natal ocupa um lugar muito especial no coração dos cristãos. Possui um brilho e um calor humano que nos comovem mais do que qualquer outra festa cristã. Muito desse encanto se deve a São Francisco de Assis e à famosa celebração do Natal em Greccio, no ano de 1223. Essa celebração contribuiu decisivamente para que se desenvolvesse e se estendesse o formosíssimo costume de montar presépios para comemorar o evento.

Tomás de Celano, o primeiro biógrafo de São Francisco, relata-nos: “Celebrava com incrível alegria, mais que nenhuma outra solenidade, o Natal do Menino Jesus, pois afirmava que era a festa das festas, em que Deus, feito um menino pobrezinho, pendeu de peitos humanos. Beijava como um esfomeado as imagens dessa criança, e a derretida compaixão que tinha no coração pelo Menino fazia com que balbuciasse palavras doces, como uma criancinha. Para ele, esse nome era como um favo de mel nos seus lábios”(5)

São Francisco tinha um amor imenso por Jesus, Deus-conosco, que o levou a visitar a Terra Santa e a relíquia da manjedoura em que Jesus teria sido posto ao nascer, e que hoje se encontra em Santa Maria Maior, em Roma. Essas viagens podem tê-lo animado a montar a celebração de Greccio. Mas, sem dúvida, o que mais influiu nele foi o desejo de viver com maior realismo e proximidade o nascimento de Jesus.

Havia naquela cidade um homem chamado João, “de boa fama e vida ainda melhor, por quem São Francisco tinha especial amizade”, e a quem o santo encarregou de preparar a representação da cena, dizendo-lhe: “Quero evocar o menino que nasceu em Belém, os apertos que passou, como foi posto num presépio, e ver com os meus próprios olhos como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro”. (6)

Já na véspera do Natal, o povo aproximou-se, alegre com a expectativa de ver o mistério representado ao vivo. Os frades cantavam, dando louvores ao Senhor. A missa de Natal foi celebrada ali mesmo, e diz-se que o sacerdote que a celebrou sentiu uma piedade que jamais experimentara até então. São Francisco, que era diácono, cantou com voz sonora o santo Evangelho. Depois pregou ao povo presente, dizendo coisas maravilhosas sobre o nascimento do Rei pobre e sobre a pequena cidade de Belém. (7)

O cardeal Ratzinger, antes de tornar-se Papa, comentou a nova dimensão que São Francisco tinha outorgado à festa cristã do Natal. A descoberta da revelação do «Emanuel», Deus-conosco, realizada no Menino Jesus, penetra profundamente nos corações dos cristãos, porque nenhum obstáculo de sublimidade ou de distância nos separa mais dEle. Como menino, aproximou-se tanto de nós que podemos tratá-lo sem receio, com simplicidade e total confiança:

“No Menino Jesus, torna-se patente, mais que em nenhuma outra parte, o amor indefeso de Deus: Deus vem sem armas, pois não pretende assaltar de fora, mas conquistar de dentro, e a partir daí transformar-nos. Se algo pode desarmar e vencer os homens, a sua vaidade, a sua sede de poder ou a sua violência, assim como a sua cobiça, é a fragilidade de um menino. Deus escolheu essa fragilidade para nos vencer e para tornar-nos conscientes do que realmente somos. [...]
“Quem não entendeu o Mistério do Natal não entendeu o que é mais decisivo e fundamental no ser cristão. Quem não o aceitou, não pode entrar no reino dos céus. Isso é o que Francisco pretendia recordar à cristandade da sua época e à de todos os tempos posteriores”(8)

Podemos ainda perguntar-nos: Por que o boi e o asno fazem parte do presépio desde o começo? Novamente é o cardeal Ratzinger quem nos responde:

“O boi e o asno não são mera produção da fantasia. Converteram-se, pela fé da Igreja, [...] nos acompanhantes do acontecimento natalino. Com efeito, em Isaías 1,3 diz-se concretamente: «O boi conhece o seu dono, e o asno o presépio do seu amo, mas Israel não entende, o meu povo não tem conhecimento».

“Os Padres da Igreja viram nessas palavras uma profecia que apontava para o novo povo de Deus, a assembléia dos judeus e dos cristãos. Diante de Deus, todos os homens, tanto judeus como pagãos, eram como bois e asnos, sem razão nem conhecimento. Mas o Menino, no presépio, abriu-lhes os olhos, de maneira que agora reconhecem a voz do seu dono, a voz do seu Senhor.

“Nas representações medievais do Natal, não deixa de causar estranheza o fato de esses animais chegarem a ter rostos quase humanos e a prostrar-se e inclinar-se perante o mistério do Menino, como se o entendessem e o estivessem adorando. Mas isso era lógico, uma vez que esses dois animais eram como símbolos proféticos sob os quais se oculta o mistério da Igreja, o nosso mistério, já que nós somos boi e asno diante do Eterno, boi e asno cujos olhos se abrem na noite de Natal, de forma que, no presépio, reconhecem o seu Senhor. [...]

“Quando colocamos as figuras que nos são familiares no presépio, devemos pedir a Deus que conceda aos nossos corações a simplicidade que sabe descobrir o Senhor no Menino, tal como Francisco na sua época. Então poderemos experimentar o que nos conta Celano acerca dos participantes da celebração de Greccio com umas palavras muito parecidas às de São Lucas a propósito dos pastores da primeira noite de Natal (Lc 2,1220): «Todos regressaram para suas casas repletos de alegria»”(9)

(5) Tomás de Celano, “Segunda vida de São Francisco”, em Fontes franciscanas, 9ª ed., Vozes/FFB, Petrópolis, 2000, n 199.
(6) Tomás de Celano, “Primeira vida de São Francisco”, em Fontes franciscanas, n. 84.
(7) Cfr. ibid., ns. 85-86.
(8) Joseph Ratzinger, El rostro de Dios, Ediciones Sígueme, Salamanca, 1983, págs. 19-25.
(9) Ibid.


Depois de perguntar aos entendidos, resolvi perguntar a uma criança: O que é o presépio?

Ela simplesmente me respondeu: é o lugar onde Deus nasce.


Perguntei também a um escritor de contos: O que é o presépio? Ele respondeu-me:

É o lugar ideal para voltarmos a ser crianças e deliciar-nos com os sonhos de Deus. É a inspiração indispensável para escrever e ler contos de Natal.

***

Reforço o convite aos leitores para que leiam O Conto do Presépio das Crianças e O Conto dos Animais do Presépio, e se inscrevem em nosso concurso.

Concurso de Presépios 2014: Inscrições abertas!

$
0
0
As inscrições para o Concurso de Presépios Paroquiais do Salvem a Liturgia!, em parceria com a Arte Sacro, estão abertas.


Não deixe de inscrever sua paróquia até o dia 29 de dezembro, quando encerra-se a primeira fase, e concorrer a uma estola e casula neste estilo (cor a escolher), além de outros prêmios:




As inscrições já realizadas estão sendo divulgadas em nossa página no Facebook.

Inscreva-se já, lendo as regras aqui!



Você decidirá o vencedor do Concurso de Presépios 2014!

$
0
0

No último dia de 2014, nossa equipe escolheu os finalistas do Concurso de Presépios Paroquiais do Salvem a Liturgia!, edição 2014. Os três presépios que se classificaram para a segunda fase já foram publicados em nossa página no Facebook e os votos já estão sendo computados (basta "curtir" a foto do presépio).

Todas as três paróquias finalistas serão premiadas por nossa parceira, a Arte Sacro, conforme enunciado nas regras desta edição.


Premiação:
  
1º lugar: conjunto de estola e casula neste modelo (cor a decidir)
2º e 3º lugares: jogo de altar (imagem meramente ilustrativa)

Eis os finalistas (clique na foto para ser direcionado à página de votação):

Diocese de Franca-SP.
Cidade de Restinga-SP.
Pároco: Pe. Michel Rosa

Diocese - Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro 
Cidade/estado - Rio de Janeiro/RJ
Nome do pároco: Padre Jorge Lutz, SVC (Sodalício de Vida Cristã)
Foto enviada por: Thiago de Oliveira Tavares


Cura: Padre José Gonçalo Vieira
Arquidiocese de Belém - PA
Enviada por: André Magno Vilhena


O vencedor do concurso de presépios paroquiais 2014

$
0
0

-------> ATENÇÃO <------ - Os vencedores, DEVEM entrar contato via e-mail para: daniel@salvemaliturgia.com com o endereço para o qual o(s) prêmio(s) devem ser enviados em até 48 horas. Caso não seja, o ganhador perde direito à premiação; sendo o primeiro colocado, sua premiação passará ao segundo colocado.

Cortesia: Loja Arte Sacro


-------> ATENÇÃO <------ - Os vencedores, DEVEM entrar contato via e-mail para: daniel@salvemaliturgia.com com o endereço para o qual o(s) prêmio(s) devem ser enviados em até 48 horas. Caso não seja, o ganhador perde direito à premiação; sendo o primeiro colocado, sua premiação passará ao segundo colocado.

Post by Salvem a Liturgia!

O Espaço Litúrgico: Centro e Foco

$
0
0

Algumas ideias tão simples e difundidas em nossas pastorais litúrgicas como "A comunidade se reúne em torno do altar" ou, em consequência desta, "O altar deve estar no centro da igreja" são assimiladas pelos fieis com muita naturalidade e muito raramente questionamos a origem e o real significado dessas ideias. Para entendê-las precisamos pensar, voltar aos conceitos mais básicos e nos indagar: o que é centro? E ainda, o altar realmente deve estar no centro?


A palavra "centro", tomando uma definição quase matemática se refere ao ponto de um espaço que está a uma mesma distância de suas partes mais externas, em uma linguagem mais simples: aquilo que está no meio. Um outro conceito, parecido, embora não idêntico é o de "foco", que por sua vez tem um sentido eminentemente óptico, como o ponto para o qual se encaminham os feixes de luz ou do qual se afastam, no nosso contexto litúrgico, podemos entender como sendo o ponto para o qual se voltam as atenções.
 

Embora numa linguagem abstrata e teórica as palavras possam ter um mesmo significado, referindo-se ao elemento principal, a ideia mais importante de dado contexto. Em um plano físico, e mais particularmente arquitetônico, diferem sensivelmente, uma vez que o centro do espaço pode não ser o local para o qual se voltam as atenções dos presentes.

Lembremo-nos da origem das igrejas no mundo latino. O primeiro tipo de igreja, ainda antes das basílicas eram as "domus ecclesiae", residências dos patrícios romanos que passaram ao uso eclesiástico. Estas habitações possuíam basicamente dois ambientes: atrium, ambiente menor, comunicava-se diretamente com a rua e era reservado aos serviços domésticos, ao seu centro ficava o impluvium, reservado para coleta da água pluvial; o segundo era perystilum, a verdadeira habitação familiar, que consistia de um jardim cercado por colunas ao fundo do qual se encontrava exedra, local reservado para receber convidados.



Atrium, foi reservado aos catecúmenos;  perystilum, aos fieis, dividindo-se segundo o sexo e colocando-se de um e de outro lado. O Bispo, servido pelo seu clero, realizava as funções na exedra. A escolha deste espaço e não do centro do perystilum parece ser justamente a diferença entre estar no centro e estar no foco. Estando ao fundo da Domus, o Bispo presidia a assembleia litúrgica, pronunciava as fórmulas sagradas e, assistido pela atenção de todos os fiéis, celebrava os sagrados mistérios.

Com o Édito de Milão, as Domus deram espaço às basílicas. As basílicas como eram chamadas os predios públicos romanos possuiam uma estrutura bastante simples e eficaz. Uma nave central, retangular, mais elevada com janelas para ventilação a iluminação, rodeada por naves laterais, duas ou quatro, mais baixas, foi este o lugar que ocupavam os fieis, dispostos como em Perystilum, de um e outro lado, ainda que o espaço central fosse agora coberto.




A estrutura dividida em três níveis, proveniente da domus foi mantido e aperfeiçoado na nova estrutura basilical. O atrio se tornou maior e passou a possuir colunas, como na figura abaixo, como se conserva ainda hoje na Basílica Maior de São Paulo fora dos Muros em Roma.


O antigo "presbitério", exedra, deu lugar a uma localização ainda mais prestigiosa e solene. Ao fundo da nave central, um semi-círculo concluía a construção: ábside. Nela foi disposta a cátedra do Bispo, o altar e, pouco mais adiante, o ambão. A abside, uma vez presente na liturgia das igrejas primitivas não se afastou da arquitetura sacra durante milhares de anos, ainda que se tenha modificado sensivelmente ao longo dos séculos. O motivo disso foi que ela proporciona um ponto monárquico dentro do espaço sagrado, seja pela sua posição frontal para todos se põem na nave central da igreja, seja pelo seu formato côncavo. 

A primeira modificação que se pode destacar em relação às transformações da abside é que no primeiro milênio com a proeminência da figura episcopal, era mais natural colocar na abside propriamente dita a cátedra, como se vê na Catedral de Roma ainda hoje, figura abaixo.



No segundo milênio, a cátedra mais comumente foi disposta à direita, deixando o ponto monárquico para o altar. Isso se deve a uma maior valorização do ministério sacerdotal em relação àquele episcopal, proeminente no milênio anterior. Também as absides, embora mantivessem a concavidade, deixaram de se apresentar semi-circulares para adquirir formatos poligonais, em particular na arte gótica.


 A perda desse elemento arquitetônico usado desde as basílicas primitivas, passando pelas catedrais góticas e chegando até o barroco, não se deve ao fato de se ter encontrado uma forma melhor de dar destaque aos sagrados mistérios- Ao contrário, o desaparecimento das absides, foi uma perda de um conceito fundamental na liturgia: o foco. No lugar deste passou-se a dispor o espaço liturgico ao redor de um centro, que, como já dissemos nem sempre consegue apenas por sua localização concentrar as atenções.

Desse vício nascem duas realidades. A primeira é a reforma inadequada dos espaços litúrgicos já existentes. Neles, tenta-se a todo custo— da simetria, da beleza, da praticidade — instalar um altar no meio da assembleia, mutilando a beleza da arquitetura original e produzindo um estranho dualismo de altares. Nesses casos, existe um ponto para onde se voltam naturalmente as atenções, todavia ele não está no local onde se celebra.


 A segunda situação é a construção de novos espaços, onde o altar se põe no centro, os assentos dos leigos e dos clérigos se dispõem indiferentemente ao redor do mesmo, em um formato elíptico. Tudo se realiza ao redor do altar, ou  deste e do ambão. A atenção de cada qual se volta para aquilo que está à sua frente: o outro lado da assembleia.

 

Esse espaço sagrado trai o ideal da comunidade primitiva, da Domus Ecclesiae e rompe com a comunhão artística de tantos séculos. Pela abolição da exedra, do presbitério e da abside, nasce um espaço acéfalo, incapaz de representar a Igreja, corpo místico, do qual Cristo é a cabeça. Sendo adequado apenas para uma comunidade horizontal que celebra a si mesma, voltada para dentro de si.

Apesar dessa clara descontinuidade artística e eclesiológica, muitos se referem a esse modelo de igreja como uma alternativa participativa. Como se o modelo dito tradicional reproduzisse um teatro greco-romano, onde se distinguem duas partes em lados diferentes do ambiente: o público e os artistas. A esse argumento, cabe lembrar que também o picadeiro é um palco, ainda que o público se ponha ao redor.

Por fim, usa-se o Concílio Vaticano II para justificar toda e qualquer mudança em matéria litúrgica. Nesse caso em particular, poderia-se dizer que a constituição conciliar sobre liturgia diz claramente que "todos devem dar a maior importância à vida litúrgica da diocese que gravita em redor do Bispo, (...) especialmente na mesma Eucaristia, numa única oração, ao redor do único altar a que preside o Bispo rodeado pelo presbitério e pelos ministros". Poderia-se dizer isso, ou poderíamos ir ao texto latino aprovado pelos padres conciliares e vermos que a expressão em negrito acima no original " ad unum altare", onde a preposição em nada se refere a estar ao redor, mas simplesmente estar ao altar.

Assim, torna-se claro que centro e foco não são conceitos intercambiáveis entre si e que ter o altar no centro, fisicamente falando, nunca foi uma necessidade litúrgica, urge, portanto, um trabalho técnico e artístico para relocar nos espaços litúrgicos a celebração dos sagrados mistérios, principalmente da sagrada Eucaristia, uma vez que não basta que Nosso Senhor Jesus Cristo, por meio de seu corpo e seu sangue estejam no centro do espaço sagrado.


É preciso ter foco nEle!


Campanha "Salve um Padre": Homilia

$
0
0
A Martyria Cursos e Editora, que já divulgamos em nosso blog algumas vezes, lançou recentemente uma campanha para suprir a formação deficitária de muitos dos sacerdotes desta nossa Terra de Santa Cruz.

Pietro di Sano - São Bernardo Pregando na Piazza del Campo em Sena (1445)
Nesta primeira etapa, o enfoque é dado na homilia. Como consta na postagem que lançou a campanha:
Como dizer ao padre que sua homilia não é boa? Nós lhe enviaremos o melhor livro sobre pregação, juntamente com uma carta, indicando respeitosamente que está sendo presenteado por alguém que lhe quer bem, e que quer ver-lhe salvando mais almas através da homilia.
Para colaborar com a campanha você pode indicar vários sacerdotes a quem deseja ajudar (preenchendo seus dados num formulário e/ou doar algum valor em dinheiro para auxiliar com os custos de correio e de impressão do livro.

O valor calculado para presentar a um sacerdote é de R$17,00.


Para mais informações, acesse o site da editora.

O canto por parte do Presidente da Assembleia Eucarística

$
0
0

Por Dom Jerônimo Pereira Silva, OSB.

O canto por parte do Presidente da Assembleia Eucarística é apropriado, recomendado e louvado. A rigor o Rito Romano é também um rito cantado, para tal fim foi publicado pelos monges de Solesmes em 1975, como parte do Missale Romanum auctoritate Pauli PP VI promulgatum o Ordo Missae in Cantu (OMC), em forma manuscrita (caligrafado). No recente ano 2000 a Libreria Editrice Vaticana (LEV) havia se encarregado de tal publicação apresentando uma reedição do OMC “computadorizada” em 2012, em parceria com as Éditions de Solesmes

O Papa Emérito Bento XVI entoa o canto do Prefácio, na Santa Missa
durante a visita apostólica a República Tcheca, em
26 de Setembro de 2009
O Ordo Missae in Cantu iuxta editionem typicam tertiam, embora na presente edição não tenha ainda o caráter de livro litúrgico oficial, assume tal característica somente porque reproduz o quanto de oficial apresenta o Graduale Sacrosanctae Romanae Ecclesiae de Tempore, de Sanctis de 1979 (GR), páginas 798-802.809-821.

O atual OMC apresenta as seguintes formas musicais (notação gregoriana, texto, obviamente em latim, pois se trata de uma obra typica):

- Ritos Iniciais (Sinal da Cruz, 3 formulários para a Saudação Inicial, mais uma própria para o bispo, Ato Penitencial com uma única fórmula);
- Bênção da água (Introdução, duas fórmulas para uso fora do Tempo Pascal, uma fórmula para o Tempo Pascal, uma fórmula para bênção do sal, quando se mistura com a água e absolvição);
- Entoações do Glória (15 entoações, mais 4 dos Glórias ad libitum todos presentes no Kyriale);
- Entoações da Profissão de Fé (2 entoações);
- Preparação dos dons (sem notação musical);
- Prefácios (85 dos quais 41 apresentam as formas simples e solene);
- Orações Eucarísticas (as 4 OE mais 13 variações próprias da OE I);
- Rito da Comunhão (3 melodias para o Pai Nosso, com suas devidas introduções; o “Livrai-nos de todos os males...” com a sua resposta; o rito da paz: “Senhor Jesus Cristo, dissestes...” com o “Amém”; “A paz do Senhor...”, “Saudai-vos...”. As Secretas, a apresentação da eucaristia [“Felizes os convidados...], as fórmulas para a comunhão [presbítero e assembleia] e a oração de purificação, sem notação musical);
- Ritos Conclusivos ou Ritos Finais (Diálogo, também para a missa pontifical, Bênção e despedida);
- Bênçãos Solenes (27 formulários);
- Formulário da Oração Universal da Sexta-Feira Santa;
- Precônio Pascal.

Por causa da sua forma silábica o canto do Ordo Missae pode ser adaptado para muitas línguas. O português é uma das línguas que muito se presta para tal fim. Infelizmente, às vezes, encontramos adaptações mal feitas ou erros melódicos. 

Abaixo apresento a Doxologia Final da Oração Eucarística em português com notação gregoriana em tom simples e tom solene (de acordo com as melodias presentes no OMC e no GR), com a correção melódica do erro que muitos de nós aprendemos quase por intuição. 

Com a ajuda de um instrumento, um pouco de paciência e desejo de solenizar o centro da nossa fé, que é a celebração do Mistério Pascal de Cristo, um presbítero pode fazer o culto a Deus se tornar mais sutilmente refinado. Recordemo-nos que o canto da presidência é sempre a cappella.





Cardeal Ratzinger: "Liturgias diferentes. Uma riqueza para a única Igreja" (excerto do recém-publicado "Ser Cristão na Era Neopagã")

$
0
0
Recentemente foi lançado pela Editora Ecclesiae o primeiro volume de "Ser Cristão na Era Neopagã", trazendo material do então Cardeal Joseph Ratzinger, futuro Papa Bento XVI, nunca antes publicado no Brasil. Trata-se de discursos, homilias, debates e entrevistas concedidas pelo cardeal à revista italiana 30 giorni nella Chiesa e nel mondo (30 dias na Igreja e no mundo).


Organizado por meu amigo Rudy Albino de Assunção, ratzingeriano de carteirinha*, que também escreveu a apresentação do livro e a maioria das notas que introduzem cada artigo, este primeiro volume reúne diversos discursos e homilias de Ratzinger. O terceiro volume, composto por entrevistas, será de especial interesse dos nossos leitores, trazendo inúmeras menções à Reforma Litúrgica que seguiu ao Concílio Vaticano II.

Rudy, que acompanha este nosso apostolado em defesa da sagrada Liturgia, teve a bondade de enviar-nos - com a devida permissão da Editora Ecclesiae, a quem desde já agradecemos - um trecho em que Ratzinger fala do que se convencionou chamar de as duas formas do Rito Romano.

É interessante notar como Ratzinger já havia refletido ali sobre muitos dos pontos relacionados à Forma Extraordinária os quais tocaria durante seu pontificado, a saber: o reconhecimento do zelo apostólico das comunidades ligadas ao rito antigo; as dificuldades que muitas dessas comunidades enfrentaram (e continuam enfrentando!), fruto do preconceito e de um entendimento errôneo e ideológico de unidade; a falta de diferenciação entre o Concílio e a Reforma Litúrgica que o seguiu; e, por fim, a aplicação excessiva de criatividade em boa parte das missas segundo o rito moderno.


* * *



LITURGIAS DIFERENTES.
UMA RIQUEZA PARA A ÚNICA IGREJA**
(Novembro de 1998)

No dia 02 de julho de 1998 a Pontifícia Comissão Ecclesia Dei completava 10 anos de sua criação por parte do papa João Paulo II. Ela for criada para facilitar a comunhão com todos aqueles que estavam ligados de alguma maneira com Monsenhor Marcel de Lefebvre e também de possibilitar que os bispos fossem mais abertos a dar o indulto para a celebração da missa segundo o Missal de São Pio V. Na época se deram muitas comemorações, inclusive uma grande peregrinação a Roma de milhares de sacerdotes e fiéis tradicionalistas. Mas aliada à peregrinação, foi promovida uma mesa redonda no hotel Erfige, com a presença de Gérard Calvet, Camille Perl, Michael Davies, Robert Spaemann e do Cardeal Ratzinger, que fez a conferência de abertura. O que se segue é o texto da conferência de Ratzinger .
***
Que balanço podemos fazer hoje, há dez anos da publicação do motu proprio Ecclesia Dei? Creio que antes de tudo seja uma ocasião para expressar o nosso agradecimento. As várias comunidades que surgiram graças a este documento pontifício presentearam a Igreja com um grande número de vocações sacerdotais e religiosas que com zelo e alegria e em comunhão profunda com o Papa trabalham pelo Evangelho nesta época histórica. Graças a elas muitos fiéis reforçaram ou conheceram pela primeira vez a alegria de poder participar da liturgia e do amor para com a Igreja. Em numerosas dioceses espalhadas pelo mundo elas servem à Igreja colaborando ativamente com os bispos e instaurando um relacionamento positivo e fraterno com os fiéis que se sentem à vontade na forma renovada da liturgia. Tudo isso hoje merece todo o nosso agradecimento.
Todavia seria irrealista calar sobre os muitos lugares onde não faltam dificuldades, então como agora, porque alguns bispos, sacerdotes e fiéis consideram o apego à antiga liturgia (a dos textos litúrgicos de 1962) como um elemento de divisão que perturba a paz da comunidade eclesial e deixa supor uma certa reserva na aceitação do Concílio e, mais em geral, na obediência devida aos pastores legítimos da Igreja. Portanto, as perguntas que devemos nos colocar são as seguintes: como se podem superar estas dificuldades? Como podemos criar o clima de confiança necessário para fazer com que os grupos e as comunidades ligadas à antiga liturgia se insiram pacificamente e proficuamente na vida da Igreja? Porém, estas questões subentendem uma outra; qual é a razão profunda desta desconfiança ou, até mesmo, da recusa do prosseguimento da antiga liturgia? Sem dúvida há razões pré-teológicas ligadas ao temperamento de cada indivíduo, ao contraste entre os diversos caráteres, ou a outras circunstâncias externas. Mas certamente existem outras causas, mais profundas e menos fortuitas.
Há duas razões que se apresentam com maior frequência: a não obediência ao Concílio que reformou os textos litúrgicos e a ruptura da unidade derivante da existência de formas de liturgia diferentes. É relativamente simples contradizer ambos os raciocínios. Não foi propriamente o Concílio quem reformou os textos litúrgicos, ele apenas ordenou a sua revisão e, para tal fim, ficou algumas linhas fundamentais. O Concílio deu principalmente uma definição de liturgia que fixa a medida interna de cada uma das reformas e, contemporaneamente, estabelece o critério válido para cada celebração litúrgica legítima. A obediência ao Concílio seria violada no caso em que não fossem respeitados tais critérios fundamentais internos e fossem colocadas à parte as normae generales, formuladas nos números 34-36 da Constituição sobre a Sagrada Liturgia (Sacrosanctum Concilium). É necessário julgar as celebrações litúrgicas segundo estes critérios, sejam elas baseadas em velhos ou em novos textos. Com efeito, o Concílio, como já foi acenado, não prescreveu ou aboliu textos, mas deu normas de base que todos os textos devem respeitar. Neste contexto, é útil recordar o que foi declarado pelo Cardeal Newman: a Igreja no decorrer da sua história, nunca aboliu ou proibiu formas ortodoxas de liturgia, por que isso seria alheio ao próprio espírito da Igreja. Uma liturgia ortodoxa, ou seja que é expressão da verdadeira fé, de fato, jamais é uma simples reunião de cerimônias diferentes feita em bases a critérios pragmáticos, das quais pode-se dispor de maneira arbitrária, hoje de um modo, amanhã de outro. As formas ortodoxas de um rito são realidades vivas, nascidas do diálogo de amor entre a Igreja e o seu Senhor. São expressões da vida da Igreja, nas quais se condensam a fé, a oração e a própria vida das gerações e nas quais encarnaram-se numa forma concreta e num momento a ação de Deus e a reposta do homem. Estes ritos podem se extinguir se historicamente desaparece o sujeito que foi o seu portador ou se este sujeito está inserido com a sua herança num outro contexto de vida. Em situações históricas diferentes, a autoridade da Igreja pode definir e limitar o uso dos ritos, mas jamais os proíbe tout-court. Assim, o Concílio ordenou uma reforma dos textos litúrgicos e, consequentemente, das manifestações rituais mas não abandonou os velhos livros. O critério expresso pelo Concilio é, ao mesmo tempo, mais amplo e mais exigente: ele convida todos a um exame de consciência.
Mais tarde voltaremos a falar sobre este ponto. Por enquanto é necessário examinar um outro assunto, o da – pressuposta – ruptura da unidade. Sobre este propósito, é preciso distinguir na questão o aspecto teológico do prático. No que se refere a componente teorética e fundamental, devemos constatar que sempre existiram mais formas no rito latino que foram progressivamente caindo em desuso devido à unificação dos espaços de vida na Europa. Até a época do Concílio, ao lado do rito romano, conviviam o ambrosiano, o moçárabe de Toledo, o rito dos Dominicanos, e talvez muitos outros que eu não conheço. Jamais alguém se escandalizou pelo fato de que os Dominicanos, muitas vezes presentes em nossas paróquias, não celebrassem a missa como os párocos, mas seguissem um seu próprio rito. Todos nós sabíamos que o rito dele era católico assim como o romano e éramos orgulhosos da riqueza de tantas tradições diferentes. Além disso, não se pode esquecer que muitas vezes abusa-se da liberdade de espaço que o novo Ordo Missae deixa à criatividade e que a diferença entre os vários modos em que a liturgia é colocada em prática e celebrada nos diferentes lugares em base aos novos textos, muitas vezes é maior do que entre a antiga e a nova liturgia. Um cristão destituído de uma cultura litúrgica particular pouco distingue de uma missa cantada em latim segundo o velho Missal de uma cantada em latim segundo o novo, enquanto que pode ser enorme a diferença entre uma liturgia celebrada respeitando fielmente os ditames do Missal de Paulo VI e as várias formas de celebrações litúrgicas em língua viva amplamente difusas, que deixam grande espaço à criatividade e à imaginação. [...]

* * *
Para mais informações, visite o site da editora.

* Não deixem de visitar o site Ratzinger Brasil.
** RATZINGER, Joseph. Ser cristão na era neopagã. Campinas, Ecclesiae, 2014, pp. 183-186.
Viewing all 808 articles
Browse latest View live