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Channel: Salvem a Liturgia!
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A Liturgia é um culto prestado a Deus porque Ele é Deus! O interesse é Deus, o centro é Deus!

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Dom Henrique Soares da Costa, Bispo auxiliar de Aracaju, nos presenteou com estas belas palavras e ensinamentos neste último domingo, 16 de fevereiro de 2014, em sua página pessoal no Facebook.



A liturgia é para nosso alimento, alento e transformação espiritual: ela nos cristifica, isto é, é obra do próprio Cristo que, na potência do Espírito, nos dá Sua própria Vida, aquela que Ele possui em plenitude na Sua humanidade glorificada no Céu.


Participar da liturgia é participar das coisas do Céu, é entrar em comunhão com a própria Vida plena e glorificada do Cristo nosso Senhor.

A liturgia não é feita produzida por nós, não é obra nossa! Ela é instituição do próprio Senhor.

Para se ter uma idéia, basta pensar em Moisés, que vai ao faraó e lhe diz: “Assim fala o Senhor: deixa o Meu povo partir para fazer-Me uma liturgia no deserto”. E, mais adiante, explica ao faraó que somente lá, no deserto, o Senhor dirá precisamente que tipo de culto e que coisas o povo Lhe oferte.


Isto tem a ação litúrgica de específico e encantador: não entramos nela para fazer do nosso modo, mas do modo de Deus; não entramos nela para nos satisfazer, mas para satisfazer a vontade de Deus.

Por isso digo tantas vezes que o espaço litúrgico não é primeiramente antropológico, mas teológico: a liturgia é espaço privilegiado para a manifestação e atuação salvífica de Deus em Cristo Jesus nosso Senhor. Nela, a obra salvífica de Cristo é perenemente continuada na Igreja: Deus é perfeitamente louvado e os que dela participam e toda a Igreja são santificados!

A Liturgia é um culto prestado a Deus porque Ele é Deus! O interesse é Deus, o centro é Deus, o foco é Deus, o ponto focal para o qual se orienta a ação litúrgica é Deus, o Deus Santo a Quem elevamos o nosso louvor e adoração através do Filho, Sumo e Eterno Sacerdote na potência do Espírito Eterno; o mesmo Deus que, respondendo ao nosso louvor e oração, vem a nós através de Jesus, imolado e ressuscitado, na potência do Espírito. Deus vem a nós com a Sua Vida divina.

A Liturgia é algo devido a Deus e instituído pelo próprio Deus. Quando alguém participa de uma liturgia celebrada como a Igreja determina e sempre celebrou, se reorienta, se reencontra, toma consciência de sua própria verdade: sou pequeno, dependente de Deus e profundamente amado por Ele: Nele está minha vida, meu destino, minha verdade, minha paz. Nada é mais libertador que isto!





Na ação litúrgica, que é primeira e principalmente ação do Cristo ressuscitado, Eterno Sacerdote da Nova Aliança, e, somente de modo derivado, ação da Igreja unida a Cristo no Espírito, como Seu Corpo, estamos diante da Verdade que é Deus; verdade que não produzimos nem inventamos, mas vem a nós e enche o nosso coração!Devemos procurá-la? Certamente sim: "Fizeste-nos para ti, Senhor, e nosso coração andará inquieto enquanto não descansar em Ti!" Mas para isto é indispensável a capacidade de silêncio, de escuta, de abrir os olhos do coração para a beleza de Deus. A Liturgia nos dá isto - e não simplesmente como sentimento ou emoção, mas de modo real, efetivo, sacramental: aqueles gestos, símbolos, palavras, ritos, são cheios de Espírito Santo, Espírito de Vida divina, pois são gestos de Cristo feitos pela misericórdia do senhor, gestos da Igreja, ministra da obra da salvação!

Orai sem cessar II

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3. Memória de Santa Maria no Sábado

A devoção a Nossa Senhora, particularmente celebrada no dia de sábado é um costume antigo na Igreja. A forma extraordinária prevê que se diga Missa votiva de Nossa Senhora nos sábados durante todo o ano, salvo se o dia for impedido pelas rubricas. Na forma ordinária a devoção a Nossa Senhora neste dia ganhou uma organização um pouco diferente. Não se diz Missa votiva, mas faz-se memória facultativa. Para a liturgia da Santa Missa, isso não configura mudança significativa; para o ofício divino sim. Com a memória de Nossa Senhora, permite-se dizer Laudes e Ofício das Leituras com textos de Nossa Senhora, que o Breviário traz junto ao comum de Nossa Senhora. Não se diz Vésperas por que no sábado se rezam I Vésperas do Domingo e na Hora média não se diz nada das memórias dos santos.

4. Vigílias

Aqueles que desejaram nos domingos e solenidades celebrar uma vigília podem m fazê-la prolongando o Ofício das Leituras. Ao fim das leituras longas e respectivos responsórios, diz-se os três cânticos com respetiva antífona que estão no apêndice do Breviário. Então faz-se a leitura do Evangelho conforme o mesmo apêndice. Por fim, diz-se o Te Deum, se for o caso, e conclui-se a hora como de costume.


4. Celebração em comum
Toda a liturgia da Igreja não é ação particular, assim, embora se permita a oração privada da liturgia das horas, é desejável sempre que possível rezar de forma comunitária. A oração comunitária, todavia, não significa que tenha de ser presidida por um clérigo; os próprios leigos podem se reunir para rezar a oração na Igreja ou mesmo fora dela. Durante a celebração, permanecem em seus lugares na nave da igreja, aquele que guia a introdução, a oração e a conclusão da hora age como um entre os iguais. Não se sobe ao presbitério, exceto para as leituras longas e breves e as preces.

Observem-se as posições corporais. Todos ficam de pé do início até o fim do hino. Sentam-se para a salmodia e leituras com respectivos responsórios. Faz-se de pé ainda o cântico evangélico, as preces, o Pai Nosso, a oração final e a conclusão. Ao cântico evangélico se deve o mesmo respeito que para o Evangelho pronunciado na missa; ao início do mesmo traça-se o sinal da cruz. Nas vigílias se dizem os cânticos sentados e o evangelho se escuta de pé.
Este modelo de celebração, mais simples, é útil às comunidades sub-paroquiais, aos grupos de fieis que se reúnem para celebrar o ofício divino fora da igreja e também para as famílias que mantém o costume de se reunir para rezar algumas horas canônicas. No caso das igrejas matrizes e catedrais, cabe aos clérigos, seja o pároco, os cônegos ou mesmo o Bispo, convocarem e dirigirem a oração da comunidade, como diremos mais adiante.

O canto é um elemento fundamental da liturgia das horas, os salmos que constituem o núcleo dos ofícios são orações cantadas por sua própria natureza. E como diz Santo Agostinho "Quem canta bem, reza duas vezes". Assim, seria bom que se preparasse para a oração comum um coro que pudesse auxiliar a assembleia a cantar a hora canônica em latim ou vernáculo. Nesse sentido, a IGLH oferece alguns elementos que podem facilitar a participação mais ativa dos presentes, como a possibilidade de cantar o salmo de forma responsorial, utilizando como resposta a própria antífona e repetindo-a a cada estrofe.

Em relação a quais horas rezar em comum, tenha-se sempre em mente a hierarquia de importância das diversas horas, cujo primeiro lugar pertence a Laudes e Vésperas. Todavia, quaisquer uma das horas podem ser rezadas em comum observando o momento de cada uma ao longo do dia.



5. Celebração presidida por clérigo
Na celebração presidida por clérigo, ele dirigirá os ritos da cadeira presidencial. De lá, deve dizer o versículo inicial, fazer a introdução das preces e do Pai Nosso, a oração final e a conclusão. Em Laudes e Vésperas saudará, abençoará e despedirá o povo.

Para a celebração mais simples de qualquer uma das horas, o clérigo poderá vestir estola da cor do ofício sobre a sobrepeliz ou veste coral. Não há obrigatoriedade de procissão de entrada ou ministros que o sirvam.


Para a celebração mais solene das Laudes, Vésperas e Vigílias, o celebrante, presbítero ou Bispo, vai revestido de amito, alva, cíngulo, estola e pluvial. Pode ser assistido por diáconos que vestem-se como que para a missa, com dalmáticas. O celebrante em vez de alva, também poderia usar sobrepeliz, todavia essa seria uma opção menos solene, além do que os diáconos não podem endossar dalmática com sobrepeliz e, neste caso, seria bom que o celebrante também optasse por usar alva. Outros sacerdotes, de maneira particular os cônegos nas celebrações presididas pelo Bispo, podem também vestir-se com pluvial. Do contrário, participam da celebração com hábito coral próprio.

Pode-se realizar uma pequena procissão de entrada, bem como recessional. Para essas procissões se usam apenas duas velas. O Cerimonial dos Bispos não cita o incenso entre os elementos que compõem a procissão de entrada, todavia nas vésperas celebradas pelo Papa é comum que ele preceda a cruz, como na procissão de entrada da Missa. Atrás da cruz vão os acólitos, clérigos em vestes corais, diáconos, presbíteros e por fim aquele que preside. Se for Bispo, irá acompanhado por dois diáconos-assistentes, além dos acólitos-assistentes. Chegando ao altar, faz-se reverência profunda ou, se o santíssimo estiver ali fazem genuflexão. Aquele que preside e os diáconos que o assistem podem beijar o altar, mas não se faz incensação no início da celebração.

Realiza-se a celebração como já ficou descrito anteriormente, de acordo com a estrutura de cada uma das horas canônicas. O Bispo recebe a mitra quando está sentado e a depõe quando está de pé, exceto para a homilia e bênção final. O báculo se usa para uma eventual homilia e para a bênção; e, nas Vigílias, para ouvir a leitura do Evangelho e o Te Deum.

Na celebração das Laudes e Vésperas, durante a antífona do cântico evangélico, o celebrante deita incenso no turíbulo e o abençoa. Então se benze, como todos os demais. Incensa-se a cruz, o altar, o sacerdote e o povo, como na Santa Missa. Embora seja descrito como um rito a ser cumprido por aquele que preside, é comum nas celebrações pontifícias que este rito seja cumprido integralmente por um diácono. Na celebração das Vigílias de modo solene, pode-se realizar a leitura do evangelho como na Santa Missa: com bênção do incenso, oração à frente do altar ou a bênção ao diácono.

Um inconveniente deste tipo de celebração é que não existem lecionários para serem usados na liturgia das horas ou mesmo um livro para o celebrante. Devendo os textos ser retirados do livro pessoal, o Breviário.


O tesouro da arte e liturgia católicas

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O Pe. Fernando Antonio, SJ, português e jesuíta da pura cêpa inaciana, nos manda esse belo artigo de sua autoria, publicado no site do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura da Conferência Episcopal lusa.

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O tesouro da arte e liturgia católicas

Habituámo-nos a olhar quase com inveja e com um estranho e injustificado sentimento de inferioridade as tradições litúrgicas orientais… quando nós, Católicos Romanos, temos uma tradição litúrgica belíssima, feita sobretudo de Pão e de Vinho e da Palavra de Deus, gestos e palavras que herdámos de Cristo, pelos Apóstolos, e que unem Céu e terra pela nova Árvore da Vida, a Cruz de Cristo.

A nossa liturgia é feita de luz e de fogo, de treva e de silêncio, de gesto e de repouso… É feita do mais puro incenso e do óleo perfumado do Crisma, e daqueles gestos que foram exprimindo na nossa história e na nossa cultura a presença consoladora de Deus entre nós: «Eu estarei convosco todos os dias…».

A nossa tradição produziu textos belíssimos, herdados dos nossos primeiros pais na fé, na era dos mártires, e escritos por grandes Padres da Igreja e autores eclesiásticos como S. Leão Magno, S. Agostinho, S. Tomás de Aquino…

A nossa tradição ergueu a maioria dos mais belos edifícios sagrados construídos na história da humanidade, onde trabalharam os melhores arquitetos, os melhores escultores, os melhores pintores, e tudo isto para o culto divino... E na Casa de Deus sempre encontraram o conforto do lar paterno os filhos de Deus, ricos e pobres, santos e pecadores... e mesmo os filhos pródigos...

E que dizer da música inspirada que ao longo da história os compositores escreveram para a nossa liturgia… desde o Canto Gregoriano, continuando com Palestrina, Byrd, Mozart… e por tantos outros contemporâneos?…

E tudo isto, puro dom de Deus que, pela Igreja, foi sendo comunicado, vivido e realizado de geração em geração, e que agora, como tesouro precioso e imerecido é depositado na fragilidade das nossas mãos pobres, feridas e pecadoras…

Como acontece, por exemplo, com “Ave verum corpus”, hino eucarístico de William Byrd (1543-1623), grande compositor inglês que manteve a sua fé católica mesmo no meio das perseguições, interpretado aqui pelo coro britânico Tallis Scholars, dirigido por Peter Phillips.

«Ave verum corpus natum de Maria Virgine. Vere passum, immolatum in cruce pro homine. Cuius latus perforatum unda fluxit et sanguine. Esto nobis praegustatum mortis in examine. O Iesu dulcis, o Iesu pie, o Iesu fili Mariae. Miserere mei. Amen.»
(«Avé, ó verdadeiro corpo nascido da Virgem Maria. Padeceu verdadeiramente, imolado na cruz pelo Homem. De cujo lado trespassado fluiu água e sangue. Faz que nós Te possamos saborear na prova suprema da morte. Ó doce Jesus, ó piedoso Jesus, ó Jesus filho de Maria. Tem misericórdia de mim. Ámen»)

A Igreja Católica e a Comunicação

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Por Alex Periscinoto*


Nós, profissionais da comunicação, descobrimos que há muito o que agradecer a vocês, pois todas as ferramentas de trabalho que a gente usa hoje na comunicação foram inventadas pelos religiosos. Se não, vamos lá:



O primeiro veículo de comunicação de massa inventado até hoje, o mais forte de todos, foi o sino. O sino que tinha mensagem nas suas batidas atingia, na ocasião das aldeias, 80, 90% das pequenas cidades. Ele não só atingia, como modificava o comportamento físico e mental de 80, 90% das aldeias cada vez que ele batia e espalhava suas mensagens de maneira singular. Antes do sino, o arauto, não passava de uma mala-direta muito mixuruca.

Depois desse grande veículo de comunicação de massa, continuando nessa nossa analogia, vocês religiosos inventaram uma ferramenta que a comunicação usa muito hoje, o display. Nós usamos o display para destacar uma informação. Quando todos os telhados das aldeias eram baixinhos, vocês construíram um telhado altíssimo, 4, 5 vezes maior e em forma de ponta e isso não era para facilitar o caimento da neve porque em países onde não existia neve vocês continuavam obedecendo esse desenho arquitetônico. Isso era para se avistar ao longe a torre da igreja, logo que se entrasse na aldeia. Por esse display, a gente com facilidade localizava a igreja. Mais do que isso, vocês inventaram o primeiro logotipo, o mais feliz deles, a cruz. A cruz que nunca foi esquecida de ser colocada no alto do display e que permitia que, além de se identificar que ali era uma igreja, também se identificava que ela pertencia àquela marca, àquela religião e não à marca concorrente.

Inventado um logotipo rico como esse - logotipo tão bom que Hitler pegou para ele, pôs quatro rabos e quase ganha a guerra com esse logotipo. Vocês inventaram mais coisas do mundo da comunicação.

Hoje, uma das ferramentas mais preciosas para se usar nas campanhas, útil no momento de se planejar, para se dizer o texto certo, para o público certo, na hora certa, é a pesquisa, sem pesquisa é loucura se aventurar a dizer qualquer coisa. O primeiro departamento de pesquisa de que se sabe foi inventado por vocês, é o confessionário. O confessionário, a minha mãe pensa ainda que o confessionário foi feito para perdoar e vocês religiosos sabem que o confessionário foi inventado para recorrer subsídios, recolher informações. Era então um santo departamento de pesquisa. Digo santo porque hoje quando a gente faz um ibope qualquer é possível que a pessoa minta, mas no santo departamento de pesquisa a coisa não só era espontânea, necessária e verdadeira. Daí o padre, no tempo das aldeias, ser o conselheiro maior, maior que o conselheiro político. Aí, na nave da igreja, na hora do sermão, vocês podiam moldar a mensagem para as principais queixas daquela semana, dar uma palavra de conforto, um sossego. Só porque recolhia os subsídios.

Ai, a minha mãe, que não sabia nada disso, recebe do seu departamento de pesquisa algo muito gratificante. Por exemplo se eu quero me reconstruir de dentro para fora eu vou a um analista pago mil dinheiros e ele me ajuda um pouco, mas a minha mãe vai a um confessionário, sai reconstruída de dentro para fora, sai de lá aliviada e perdoada, coisa que nenhum analista faz nem que você pague o dobro. Esse subproduto que o confessionário dá a minha mãe é muito conveniente à sua clientela.



Essa máquina de comunicação toda que os religiosos inventaram tem mais. A gente poderia dizer que a promoção também foi uma invenção religiosa, se não o que é uma procissão, que chega a fechar uma cidade do interior, se não uma promoção do dia de Nossa Senhora, uma promoção do dia de São Jorge e etc. Uma promoção religiosa. Nós fazemos promoções que têm muito do que vocês nos ensinaram, tem estandarte, tem bandeirola, tem roupa especial, tem uma mística comercial.

Vocês mudaram o sistema da missa, a missa não é mais em latim e o padre não fica mais de costas para o público. Tenho uma péssima notícia para vocês, a minha mãe nunca achou que vocês estavam de costas para ela, achou que vocês estavam de frente para Deus e ela gostava do latim, embora não entendesse bem as palavras, porque era uma linguagem mística que fazia se entender por Deus. Na minha opinião, esse foi um tremendo de um erro. Mas o que quero dizer é que toda essa máquina de comunicação que vocês inventaram não foi à toa. Vocês não inventaram sinos e aquela indumentária toda, que eu chamo de embalagem religiosa simplesmente por nada. Não! Vocês tinham o mesmo problema que nós temos agora: vocês tinham uma coisa a ser propagada, o produto de vocês chamava-se fé.

Eu tenho uma boa notícia para vocês, esse produto, a fé, está em falta no mercado, mas hoje vocês não propagam mais fé, hoje o que se vê é muito mais brigas entre bispos, entre vocês e o governo, do que sobre o produto que vocês fabricam. Fé era o que minha mãe ia buscar na igreja. Hoje a encrenca toda equivale a Kibon parar de anunciar sorvete e passar a anunciar a briga da diretoria. Isso não leva a nada.

Isso me faz lembrar de uma historinha que eu ouvi há algum tempo nos Estados Unidos. Havia um sujeito que tinha uma loja de frente à outra loja. Ele punha meia de nylon a US$ 1,50 e, em seguida, o outro punha a mesma meia a US 1,35, mas nenhum vendia mais meia do que o outro e não iam vender mais mesmo enquanto queriam dirigir as duas lojas ao mesmo tempo.

Cabe ao governo a função do governo. Acho que o produto que vocês fabricam independe da classe econômico do cliente. Quero propor a vocês outro raciocínio, a sociedade de consumo não é muito bem vista por vocês, mas talvez vocês devessem ver a televisão como o sino de hoje, porque o sino de vocês já não funcionam mais nas cidades hoje. Um mero observador pode saber que a torre de vocês, o display, está escondida entre tantas outras torres, com luz vermelha em cima, a pesquisa está desativada porque a clientela não foi renovada, vocês não têm público fresh.

Se por um acaso o jovem descobrir que pode viver sem a igreja então a coisa baderna de vez.

O público de vocês está dividido em três: quem precisa de fé em primeiro lugar, antes da comida, são os doentes, mas isso, felizmente, é uma minoria. O segundo segmento de mercado são os idosos, acima de 70 ou sei lá, eles mudam de comportamento, e começam a acreditar em ter fé, mas o enorme contingente que talvez vocês estejam com dificuldade de atingir são crianças, jovens e adultos que talvez representem 80, 90% - esse público é que está mais ou menos difícil porque quando falar com eles, onde, quando e como falar com eles. Daí a voltar a repetir que talvez a televisão seja o veículo próprio. Nesse País onde tudo é de distribuição heterogênea, a única coisa em comum que espalha-se de maneira maior no país é a comunicação porque o Silvio Santos meu é o mesmo do homem da periferia.



Se isso é verdade, alguma coisa está sendo feita. Através da comunicação a gente recebe coisas que preenchem um vazio. A Playboy fez muito sucesso nos EUA porque mostrava para o americano exatamente o que ele não tinha. Nos EUA, também são sucesso de audiência séries médicas porque lá é muito raro ter médico particular.Isso se chama preencher vazios por meio da comunicação. E é um grande truque de comunicação.

Outro truque de comunicação é usado na luta livre. Entra um sujeito feio e um bonito e o feio já instaura clima de terror. A gente se identifica com quem sofre, o bonito que está sempre perdendo, até o momento que ele vira o jogo. A maioria das novelas é mais ou menos assim.

Isso é um paralelo para ilustrar um pouco os truques da comunicação.

O que fazer?

Nenhuma chapa de Raio X diz o que vai fazer, só como está. Propagar fé não é rezar a missa às 8h da manhã na Globo

É vender um conteúdo chamado fé. Algo que faça o cliente acreditar no que a igreja pode fazer por ele.


• Alex Periscinoto é publicitário e foi um dos pioneiros da propaganda moderna no Brasil. Ele é o entrevistado da edição de outubro da Revista Seu Sucesso. Este texto é a transcrição de uma palestra que Alex proferiu à CNBB, Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, em 1977.

Texto original: http://criativamarketing.com.br/index.php/artigos/item/270-a-igreja-e-a-propaganda 

Modo de imposição das cinzas

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Alguns leitores em nossa página no Facebook questionaram a respeito do modo de imposição das cinzas: se esta deve ser deitada sobre a cabeça, ou se imposta sobre a testa, em forma de cruz.

Um breve histórico sobre as cinzas. A imposição das cinzas é um sacramental de cunho penitencial, lembra-nos da humildade e de nossa morte: somos pó e a ele retornaremos. Antigamente era destinado apenas aos pecadores públicos. O Papa Urbano II expandiu a prática para todos os fiéis. Para a confecção das cinzas são utilizados, a princípio, ramos de oliveira do Domingo de Ramos do ano anterior.

O Missal Romano para a rito moderno, em sua terceira edição (2002), diz apenas que as cinzas são impostas. O Cerimonial dos Bispos, em seu n. 258, pede que as cinzas sejam impostas "aos concelebrantes, aos ministros e aos fiéis", também não especificando o modo de imposição.

Outrossim, não encontrei tal detalhamento no Missal Romano para a Forma Extraordinária. Ao celebrante fica claro que as cinzas são colocadas sobre sua cabeça. Aos fiéis, o texto diz apenas que recebem-nas ajoelhados.

Torna-se necessário, então, recorrer a fontes secundárias. Mons. Peter J. Elliott, referindo-se à Forma Ordinária, diz que é consuetudinário que as cinzas sejam tomadas com o polegar e o sinal da cruz marcado na testa. Acrescenta, contudo, que clérigos podem receber as cinzas sobre a coroa da cabeça, enquanto se inclinam (ELLIOTT, 2002, p. 57).



Já Pe. Reus diz que, para impôr as cinzas, o sacerdote "deixa cair sobre a cabeça, aos clérigos sobre a coroa, às mulheres no cabelo que aparece na fronte perto do véu, às religiosas sobre o véu, de nenhuma maneira na testa". (REUS, 1944, p. 146)




Em seguida, Pe. Reus enumera duas razões para que a imposição não se dê na testa. A primeira, de ordem prática, é que a cruz pintada na testa pode ocasionar risos. A segunda, de ordem teológica, mais para corroborar a imposição na cabeça, é que o contato mediato (i.e. indireto) não diminui a eficácia do sacramento da ordem, nem da água benta, logo, tampouco da cinza.

Fiéis nas ruas, com as testas marcadas com a cruz feita das cinzas

Fiel em uma cafeteria após ter recebido as Cinzas

Particularmente, vi a imposição sendo feita das duas formas, embora, tenha-me sido mais comum a imposição sobre a cabeça. Contudo, isto pode variar conforme a região do país.

Portanto, vemos que, em se tratando da Forma Ordinária, a questão não está fechada, cabendo ao celebrante escolher a forma de imposição. A razão de ordem prática dada pelo Pe. Reus não me parece fazer mais tanto sentido nos dias de hoje, uma vez que o rito é bem disseminado em um país com raízes cristãs como o nosso. Ainda assim, é algo que pode ocorrer. Talvez neste caso seja melhor adotar a opção de impôr as cinzas sobre a cabeça dos fiéis, abraçando o costume litúrgico do rito romano tradicional. Não se trata, contudo, de obrigação.

A respeito da recepção das cinzas pelos fiéis, Mons. Elliott diz que esta acontece geralmente no local onde eles recebem a Comunhão, podendo permanecer em pé ou ajoelhados enquanto as cinzas são impostas, conforme o costume local.


Referências
  • Missale Romanum, Editio Typica Tertia, 2002.
  • Cerimonial dos Bispos, 1986.
  • Missale Romanum, Editio Typica. 1962.
  • Peter J. Elliott. Ceremonies of the Liturgical Year According to the Modern Roman Rite: A Manual for Clergy and All Involved in Liturgical Ministries. San Francisco: Ignatius Press. 2002
  • Pe. João Batista Reus. Curso de Liturgia. Editora Vozes. 1944.

Solene Entronização do Santíssimo Sacramento no "QG da Imaculada", GO

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No último dia 04 de Março, nos limites da Paróquia Imaculada Conceição, no município de Novo Gama-GO, aconteceu a Solene Entronização do Santíssimo Sacramento, na "Capela da Grande Promessa do Sacratíssimo Coração de Jesus", da "Associação de Fiéis Filhos da Imaculada", no chamado "QG da Imaculada", com a Santa Missa, seguida da rasura com o Santíssimo Sacramento e canto solene do Te Deum

A Santa Missa foi votiva à Sagrada Face e a homilia, baseada na Encíclica do Papa Pio XII Haurietis aquas, sobre o culto do Sagrado Coração de Jesus.

A ASSOCIAÇÃO:

Trata-se de "um grupo de fiéis da Paróquia São Francisco de Assis, Diocese de Luziânia – Goiás, que a partir de meados do ano de 2006 começaram a reunir-se para o Cenáculo de Oração, rezando o santo Terço e estudando a doutrina cristã.

Às vésperas da divulgação de que o Santo Padre Bento XVI promulgaria um Motu Proprio para tratar da celebração da Missa Tradicional, o que ocorreria em setembro de 2007, o mesmo grupo passou a interessar-se pelo conhecimento desta forma de celebração do Rito Romano no usus antiquior, nascendo, assim, a devoção pela expressão tradicional da lex orandi da Igreja – tesouro da antiga liturgia do Santo Sacrifício da Missa.
Em razão do patrocínio da Santíssima Virgem, foi inevitável a aproximação ao Santuário Jardim da Imaculada e dos ideais de São Maximiliano Maria Kolbe, tendo em vista, ainda, o carisma franciscano da paróquia em Valparaíso de Goiás. Com ardente expectativa, esta realidade levou muitos dos integrantes do grupo a fazer a consagração à Imaculada Conceição, no dia 8 de dezembro de 2009, vivendo de forma singular e espontânea a devoção à Imaculada, segundo o Estatuto Original da Mílicia fundada pelo “Padre Kolbe”.
O grupo, no entanto, queria manter a devoção à Virgem Imaculada, com os ideais de São Maximiliano, aliada ao conhecimento da doutrina do Magistério solene e perene da Santa Igreja, bem como a estima pela forma extraordinária do Rito Romano, conforme o Motu Proprio Summorum Pontificum. Nasceu, naquela ocasião, a ideia de constituir os FILHOS DA IMACULADA como associação privada de fiéis – mantendo ligação afetiva à Milícia da Imaculada.
O amadurecimento na caminhada tem reunido membros associados e cooperadores, além de outros participantes, na consecução de um apostolado de piedade, através do cenáculo de oração nas casas em Valparaíso e Cidade Ocidental. Nessas oportunidades, nos reunimos para rezar o Santo Terço, fazer a leitura espiritual de um trecho das Sagradas Escrituras, seguida de uma meditação, e encerrando com a recitação do Pequeno Ofício da Imaculada. Este exercício de piedade, aliado às reuniões de formação têm sido motivo de auxílio para fomentar a união entre fé e vida de nossas famílias.
No cumprimento das finalidades espirituais do grupo e na busca por um apostolado de caridade, as orações e o incentivo do Revmo. Frei José de Arimatéia, OFMConv., animado pelo seu carisma franciscano, tem sido de fundamental importância para a motivação da persecução das finalidades associativas.
Convém mencionar, ainda, a identificação do Revmo. Frei José de Arimatéia com os princípios e finalidades de nossa associação e a sua disposição e devoção à liturgia segundo o usus antiquor, não afastando em nenhum momento – assim como aos FILHOS DA IMACULADA – a assistência e reverência à forma ordinária do Rito Romano. 
FINALIDADES:

1. Promover atividades sociais, culturais, educativas e comunitárias, colaborando com a santificação de todos e de cada um em particular, exortando à observância da lei de Deus e a comunhão com a Igreja, com o auxílio da Imaculada Conceição;

2. Difundir a devoção à Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria, dogma de fé proclamado pela Santa Igreja, incentivando a recitação do Ofício da Imaculada;

3. Incentivar a devoção ao ‘Saltério da Virgem’, o Santo Rosário pregado por São Domingos de Gusmão como ‘arma contra o pecado e a heresia’ e ‘artilharia contra o demônio’, assim como o Terço do Rosário recomendado por Nossa Senhora nas aparições aos pastorinhos de Fátima;

4. Incentivar o conhecimento das excelências e do valor do Santo Sacrifício da Missa, considerando a forma ordinária ou extraordinária da 'lex orandi' da Igreja Católica de rito latino;

5. Incentivar e apoiar, cuidando para o que dispõe o cânone 214 CIC, a devoção ao Rito Romano na forma extraordinária, observando o ‘Motu Proprio Summorum Pontificum’;

6. Incentivar e apoiar o conhecimento da doutrina cristã, conforme os ensinamentos do Magistério solene e perene da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, tendo em vista o cânone 229 CIC;

7. Motivar os inscritos na Associação, pela união fraterna, à perseverança da oração e ao exercício da caridade, para que o Senhor possa derramar ‘a vida e uma bênção eterna’ (cf. Salmo 132).

A partir disso, em 26 de Dezembro de 2013, o Bispo diocesano de Luziânia, Dom Afonso Fioreze, CP, autorizou a instalação do Sacrário na capela da Associação, cujas fotos da celebração ora publicamos. Devoção ao Santo Sacrifício da Missa, especialmente na forma extraordinária do Rito Romano, iluminados pela sã Doutrina da única Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, através da união fraterna dos filhos da Imaculada Conceição da Virgem Maria - conforme os ideais de São Maximiliano."
Vale salientar que a presença dos Militares junto à Associação, desde o seu início, foi e é de grande valia, uma vez que os mesmos são ativos e o diretor espiritual é quem os assistem.
Os álbuns completos, podem ser acessados AQUI (Fotos de Bárbara Cabral) e AQUI.




























A "Velatio" das Imagens na Quaresma

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Do ponto de vista espiritual, o costume da velatio foi interpretado como sinal da penitência à qual todos os fiéis são chamados como sinal da antecipação do luto da Igreja pela morte do seu Esposo e da humilhação de Cristo, que teve de esconder-se para escapar da ameaça de morte. (Cf.: Jo 8,59).

O motivo principal para a orientação de COBRIR AS IMAGENS NAS IGREJAS, COM VÉUS ROXOS, é para que os fiéis não "se distraiam" com os Santos e que a sua devoção deve estar fundamentada no Mistério Pascal de Cristo, ou seja, na Sua paixão, morte e ressurreição.

Assim, cobrindo-se todas as imagens dos Santos e os crucifixos, surge com maior evidência o que há de essencial nas igrejas: o altar, onde se opera e atualiza o Mistério Pascal de Cristo, por seu Sacrifício incruento.

A rubrica no Missal Romano, 2ª edição típica, no sábado da IV semana da Quaresma (pág. 211, em português) e também a contida na Paschalis Sollemnitatis: A Preparação e Celebração das Festas Pascais, nº 26, nos ensina que: 
“o uso (costume) de cobrir as cruzes e as imagens na igreja, desde o V Domingo da Quaresma, pode ser conservado segundo a disposição da Conferência Episcopal. As cruzes permanecem cobertas até ao término da celebração da Paixão do Senhor na Sexta-feira Santa; as imagens até ao início da Vigília Pascal”.
A grande diferença entre as rubricas dos dois Missais (de Trento e do Vaticano II) consiste no seguinte: no primeiro, cobrir as Cruzes e Imagens era obrigatório (“cobrem-se...”); No segundo, deixou de sê-lo (“pode ser conservado...”). 

Com os sinais externos da penitência, do recolhimento, da purificação da visão e do coração, de tudo o que é secundário ou mesmo supérfluo, poderemos concentrar o nosso sentir, pensar e agir no Cristo Crucificado. Com os olhos fixos no Senhor, percorrendo com Ele a Via Dolorosa, chegaremos às núpcias do Cordeiro Redivivo, à Páscoa da Ressurreição.

(Compilação de diversas fontes, com atualizações e adaptações).

Novo membro: Marco da Vinha, especialista no Rito Bracarense

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É com muita alegria que anunciamos a entrada de mais um membro em nosso apostolado, um estudioso do Rito Latino mais próximo de todos nós lusófonos, o Rito Bracarense, da Arquidiocese de Braga, que, inclusive, já foi o rito do Império do Brasil.

Marco Paulo da Vinha, casado e pai de família, formado em Engenharia Civil, residente em Portugal. Membro de Una Voce Portugal, e mantém o blog Alma Bracarense, dedicado à divulgação do rito bracarense.



Quarta-feira de Cinzas em Frederico Westphalen (2014)

Convite: Forma Extraordinária na Catedral de Santo Amaro, SP

Entrarei no Altar de Deus - Cerimonial da Sagrada Liturgia

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 Poster de lançamento do livro “Cerimonial para a Santa Missa e Liturgia das Horas”

No espírito da hermenêutica da continuidade, muito enfatizado pelo papa emérito Bento XVI, sai esse novo livro de liturgia do fundador da Academia Internacional de Estudos Litúrgicos São Gregório Magno.

O livro é o primeiro da série “Entrarei no Altar de Deus” que busca explicar a Liturgia na fidelidade aos documentos da Igreja. O primeiro livro, “Cerimonial para a Santa Missa e Liturgia das Horas“, é, como bem diz seu nome, um cerimonial no sentido mais pleno da palavra, ou seja, um livro que trata de cada ponto da Liturgia com calma e respeito, expondo e explicando cada uma das alfaias, funções, gestos e ritos da Santa Missa e da Liturgia das Horas.

Sem ser outros manuais de Liturgia de grande importância, (como as já clássicas obras de Dom Peter Elliot, “Ceremonies of the Modern Roman Rite” e “Ceremonies of the liturgical year”) o livro consultou apenas fontes oficiais da Igreja, seja em português ou outras línguas, buscando, em um texto claro e acessível, informar o melhor possível seus leitores, sejam eles grandes conhecedores da Liturgia ou apenas aqueles que se iniciam em seu estudo.

O livro tem como conteúdo uma introdução sobre a Liturgia e como estudá-la e melhorá-la na paróquia. Passa para uma segunda parte detalhando os ambientes da Igreja, depois a uma terceira sobre as vestes e objetos litúrgicos. A quarta parte detalha o papel dos ministros (a começar do leitor) até o bispo. Há um capítulo sobre a música sacra e litúrgica. Depois sobre as posições corporais.
Por fim, inicia-se a exposição sobre a Santa Missa, em sua forma mais simples e depois solene, detalhando cada rito de cada um dos participantes. Depois sobre a concelebração, missa com crianças e, por fim, a uma missa estacional (ou seja, celebrada pelo bispo).

Depois  o livro fala sobre a Santíssima Eucaristia dentro e fora da Missa, iniciando-se com um tópico sobre as Celebrações da Palavra de Deus na ausência de um sacerdote, Exposição do Santíssimo Sacramento, a Santa Comunhão levada aos enfermos e dada como Viático. O livro termina com uma explicação sobre a Liturgia das Horas e porquê e como implementá-la em sua paróquia.Um livro novo, de estilo inédito no Brasil, totalmente dentro do espírito de hermenêutica da continuidade e que merece ser lido!

O livro pode ser adquirido aqui ou diretamente com a editora.


Dom Antônio Coelho OSB fala sobre a vetus ordo

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Na primeira metade do séc. XX destacou-se um grande vulto na Liturgia em Portugal, Dom Antônio Coelho OSB, pertencente à comunidade beneditina de Singeverga. Esta comunidade beneditina estava muito envolvida no Movimento Litúrgico, e até publicava uma revista litúrgica chamada Opus Dei - Revista Litúrgica Mensal. Num edital duma destas revistas, encontrei um artigo do D. Antônio Coelho OSB que me pareceu pertinente partilhar com os leitores do Salvem a Liturgia. Transcrevo aqui os parágrafos que me chamaram à atenção - uma defesa da vetus ordo (que na altura era a única ordo) que ainda hoje é valida.

«Falam [...] duma liturgia nova, chamada a suprir a liturgia velha, a oficial, que já não é compreendida do povo, que já não instrui nem santifica, que já não é arma ofensiva para a conquista do mundo…
[...]
E a Liturgia da Igreja é tão velha como a Igreja e tão nova como ela. Ora como não há Igreja velha e Igreja nova, também não há Liturgia velha e Liturgia nova. Há uma só Liturgia, que possui elementos duma antiguidade venerável, mas que não carecem de ser chamados a uma vida nova, por isso que estão carregados da vida perene da Igreja, que é a vida da graça que jorra do Sacrifício, emana dos Sacramentos e circula, em certo sentido, em todos os ritos, que todos eles são poderosos sacramentais.
E o que é preciso, o que é urgente fazer neste século em que, sim, infelizmente, a Liturgia nem é praticada, nem estimada, nem conhecida, não é criar uma liturgia nova; é atrair todos os fiéis à Liturgia perene da Igreja, antiquíssima e duma juventude alegre, ardente, activa e sedutora, que a todas as Horas se renova, Liturgia popular, popularíssima, como no-lo demonstram a história do passado e as felizes experiências em boa hora empreendidas em todas as nações da terra; é fortificar e unificar a vida espiritual dos povos, introduzindo-os todos na corrente vivificante da Liturgia.
[...]
E não é esta Liturgia [...] a Liturgia do Coração de Jesus, desse Coração divino cujos mistérios de amor e de dor ela [a Igreja] revive do primeiro Domingo do Advento ao Domingo de Cristo Rei, desse Coração amantíssimo do Pontífice e Vítima do Sacrifício todos os dias renovado, desse Coração generoso, fonte inexaurível de vida cujas graças correm abundantes pelos Sacramentos, desse Coração obedientíssimo, harpa harmoniosa dos louvores do Padre Eterno cujo eco ressoa nos hinos e cânticos do Ofício Divino?
Criada pelo Coração de Jesus, regulamentada, conservada e praticada pela Igreja, a Liturgia, sempre antiga e sempre nova, carregada do fecundante eflúvio da graça, é Apostolado de Oração que detém os raios da vingança divina, converte e santifica as almas, une-as à infinita reparação do nosso Pontífice e Vítima, e , depois atira-as à conquista do mundo, à consolidação e extensão do reinado social de Jesus; é o meio poderosíssimo, o único meio oficial, de que a Igreja se serviu no passado, se serve hoje e há-de servir sempre, para regenerar a humanidade, santificar as almas e dar glória a Deus.»
Dom Antônio Coelho, OSB
in Opus Dei – Revista Litúrgica Mensal, IV Ano, 1929-1930


Liturgia da Ostentação (ou: A função da beleza na Liturgia)

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A Era da Ostentação

Vivemos no que poderia, tranquilamente, ser chamado de Era da Ostentação. Que uma das notas da modernidade seja o materialismo, isto vem sendo facilmente observado há um bom tempo e continua muito válido. Recentemente, recordou-nos disto o Papa Francisco, ao dizer que "a ambição do poder e do ter não conhece limites" (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, n. 56). Agora, porém, não basta ao homem ter cada vez mais posses materiais e possuir um poder crescente - subentenda-se aqui as mais diversas formas de poder: influências sociais, status, e mesmo a posse de conhecimento. Não! O homem de hoje precisa também ostentar seus bens, materiais e imateriais, perante os outros.

Pode-se perceber manifestações deste fenômeno nas redes sociais: perfis recheados de fotos selfie - em sua maioria de pessoas exibindo seus corpos e seus bens materiais -, de fotos de viagens luxuosas e também de certas disputas de influência. Infelizmente, mesmo no meio católico, nota-se uma disputa pelo número de seguidores e a presença constante do vanglorioso hábito de escrachar alguém num debate e publicar a captura de tela em diversos grupos. Outras manifestações podem ser vistas nos programas de reality show - o sonho de ficar famoso da noite para o dia pela simples ostentação de sua imagem pública (de seus corpos, principalmente) e viver da fama - e, como exemplo mais atual, na moda de se colocar aparelhos ortodônticos mesmo quando não há necessidade.

Num mundo em que tudo precisa ser ostentado, não é de se espantar que este fenômeno afetasse o culto litúrgico. Enquanto na maioria do orbe católico seu aspecto divino foi de há muito diminuído, cresceu demasiadamente, por outro lado, seu papel social. Sendo a Liturgia entendida como uma atividade (quase que) puramente humana, acaba ela por refletir o comportamento humano, ao passo que podemos falar de uma "Liturgia da Ostentação".

Liturgia da Ostentação

Na Liturgia da Ostentação não faltam belas alfaias, lindos paramentos com brocados e, principalmente, batinas para acólitos e cerimoniários feitas de tecido importado e sobrepelizes com rendas francesas caríssimas. Não que estas coisas sejam per se más. A própria tradição anglicana - e agora dos católicos dos Ordinariatos, conversos do anglicanismo - do smells and bells é um exemplo de como, se devidamente ordenada, a beleza exterior pode levar a uma maior participação dos fiéis no culto. Não obstante, vemos outra coisa: estes elementos todos foram desvirtuados de seu real objetivo, a maior glória de Deus, a adoração perfeita a Ele.


Destarte, pode-se definir a Liturgia da Ostentação como a beleza por ela mesma, para a vanglória do homem. Seus adeptos frequentam a Pastoral do Pano, que se encontra em franca expansão: não se restringe apenas aos "seminaristas do pano", mas aos "acólitos e cerimoniários do pano". O conhecimento a respeito dos diversos tipos de tecidos e rendas é tamanho, que poderiam tranquilamente organizar - trocadilhando importante evento de moda no Brasil - a Renda Fashion Week.

Renda Fashion Week?
A ostentação na Liturgia se enquadra como uma das muitas formas de mundanismo espiritual, referida pelo Papa Francisco como uma das tentações dos agentes pastorais. Deste perigo, disse o Santo Padre:
"O mundanismo espiritual, que se esconde por detrás de aparências de religiosidade e até mesmo de amor à Igreja, é buscar, em vez da glória do Senhor, a glória humana e o bem-estar pessoal. É aquilo que o Senhor censurava aos fariseus: «Como vos é possível acreditar, se andais à procura da glória uns dos outros, e não procurais a glória que vem do Deus único?» (Jo 5, 44). É uma maneira subtil de procurar «os próprios interesses, não os interesses de Jesus Cristo» (Fl 2, 21). Reveste-se de muitas formas, de acordo com o tipo de pessoas e situações em que penetra. Por cultivar o cuidado da aparência, nem sempre suscita pecados de domínio público, pelo que externamente tudo parece correcto. Mas, se invadisse a Igreja, «seria infinitamente mais desastroso do que qualquer outro mundanismo meramente moral»". (ibidem, n. 93)
Pouco mais adiante, fala o Sumo Pontífice que  "há um cuidado exibicionista da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja, mas não se preocupam que o Evangelho adquira uma real inserção no povo fiel de Deus e nas necessidades concretas da história" (ibidemn. 95). E logo depois fala sobre a ostentação de bens, que já mencionei anteriormente:
"Noutros, o próprio mundanismo espiritual esconde-se por detrás do fascínio de poder mostrar conquistas sociais e políticas, ou numa vanglória ligada à gestão de assuntos práticos, ou numa atracção pelas dinâmicas de auto-estima e de realização autoreferencial. Também se pode traduzir em várias formas de se apresentar a si mesmo envolvido numa densa vida social cheia de viagens, reuniões, jantares, recepções. [..] Já não há ardor evangélico, mas o gozo espúrio duma autocomplacência egocêntrica." (ibidem, loc. cit.)
Ostentação na liturgia e ostentação na vida. Um leva ao outro e, neste círculo fechado, Cristo acaba ficando de fora.

É preciso ter em vista que os adeptos da ostentação litúrgica não se deram conta do perigo que esta inversão de valores oferece. Em verdade, creio que a imensa maioria - se não sua totalidade - não se apercebeu disto. Ao minimalismo e à feiura da arte e da arquitetura pós-modernas, buscam na exacerbação da beleza uma resposta. Acabam, porém, saindo de um excesso para cair no excesso do lado oposto, que configura uma espécie de idolatria da beleza.

No tocante aos acólitos e cerimoniários do pano, vejo que dois de seus comportamentos típicos precisam de correção, ao que, fraternalmente e humildemente, me proponho aqui. Primeiramente, não é apropriado que leigos usem fotos suas trajando batinas como avatares em redes sociais. A batina é um traje propriamente clerical, cujo uso, da parte de um leigo, é reservado apenas para as celebração litúrgicas (cf. Sagrada Congregação dos Ritos, consulta de número 4194, par. 2). Se usar batina fora da celebração litúrgica é clericalização do leigo, representar-se a si mesmo numa rede social desta forma também o é.


Segundo, não podemos nos ocupar demasiado em qual o paramento mais bonito e questões do tipo. Se em dúvida sobre qual sobrepeliz ou renda é mais bela, peça-se ajuda a alguém com bom gosto (mulheres geralmente possuem melhor sensibilidade para isto). Mas fazer enquetes a este respeito em redes sociais é desnecessário. Deixemos de perder o tempo de si e dos outros com este tipo de pergunta; não é assim que se trabalha para salvar a Liturgia.

A função da beleza na Liturgia

Dado que a beleza na Liturgia não é um fim em si mesmo, qual é sua função na Liturgia e, em primeira instância, em nossas vidas? Responde-nos o Papa João Paulo II:
"A beleza é chave do mistério e apelo ao transcendente. É convite a saborear a vida e a sonhar o futuro. Por isso, a beleza das coisas criadas não pode saciar, e suscita aquela arcana saudade de Deus que um enamorado do belo, como S. Agostinho, soube interpretar com expressões incomparáveis: «Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei!»." (Papa João Paulo II, Carta aos Artistas, n. 16)

Esta saudade que sentimos de Deus, secreta para nós mesmos, porque, de tão íntima e profunda, está enraizada em nossa alma e disto não nos damos conta, é aquela inquietude perene que Santo Agostinho expressou tão bem e que o Papa João Paulo II explicitou:
"«Fizestes-nos, Senhor, para Vós, e o nosso coração está inquieto, até que não repouse em Vós». Nesta inquietude criativa bate e pulsa aquilo que é mais profundamente humano: a busca da verdade, a insaciável necessidade do bem, a fome da liberdade, a nostalgia do belo e a voz da consciência". (idemRedemptor Hominis,18)
O Papa Bento XVI entende a beleza como fundamental em toda a vida cristã, a ponto de podermos falar  em toda uma "teologia da beleza", que ele desenvolveu ainda quando cardeal:
"Para Platão a categoria do belo era determinante: o belo e o bom para ele coincidiam por último em Deus. Com a aparição do belo nós ficamos profundamente feridos, e essa ferida nos arrebata fora de nós mesmos, põe em movimento o vôo da saudade e nos impele ao encontro daquilo que é o verdadeiro belo, o próprio bem." (RATZINGER, Joseph. Introduzione allo spirito della liturgia, San Paolo, Cinisello Balsamo, 2000, p. 122, apud MOREROD, Charles. A beleza na Teologia de Joseph Ratzinger)
Não é por nada que, como bem disse Dostoiévski, "a beleza salvará o mundo". Tudo o que é verdadeiramente belo aponta para Deus. Dito de outro modo, na beleza contemplamos a Deus. Se sentimos saudade de Deus, também sentimos saudade do belo, e pelo belo chegamos a Deus. É o que se chama de Via Pulchritudinis, a Via da Beleza. Dela, o Pontifício Conselho para a Cultura disse o seguinte:
A via da beleza responde ao íntimo desejo por felicidade que reside no coração de cada pessoa. Abrindo horizontes infinitos, ela impele a pessoa humana a empurrar-se para fora de si mesma, da rotina da efêmera passagem do instante para o Transcendente e o Mistério, e a buscar, como fim último da jornada pelo bem-estar e nostalgia total, esta beleza original que é o próprio Deus, criador de toda beleza criada. (A Via Pulchritudinis, Caminho Privilegiado para a Evangelização e o Diálogo, tradução livre)

Falamos da beleza na vida. Mas e sua ligação com a liturgia, onde se encontra? Ora, basta pensarmos que na Liturgia temos a ação sagrada do homem por excelência, onde o próprio Deus permite que o homem ali o encontre e o receba dentro de si, como alimento espiritual. Se a beleza possui este dom de conduzir-nos para Deus, posto que é atributo do próprio Deus, e se na Liturgia devemos sempre encontrá-Lo, está aí a importância da beleza na Liturgia.
"De fato, a liturgia, como aliás a revelação cristã, tem uma ligação intrínseca com a beleza: é esplendor da verdade (veritatis splendor). [..] Referimo-nos aqui a este atributo da beleza, vista não enquanto mero esteticismo, mas como modalidade com que a verdade do amor de Deus em Cristo nos alcança, fascina e arrebata, fazendo-nos sair de nós mesmos e atraindo-nos assim para a nossa verdadeira vocação: o amor." (Papa Bento XVI, Sacramentum Caritatis, n. 35)
Digo mais: uma vez que a participação ativa - que é também espiritual, e não apenas um mero ativismo, um "fazer coisas" - consiste também em mergulhar mais profundamente nos mistérios celebrados, é fácil perceber que só haverá participação plena quando houver beleza na Liturgia, de modo que esta ajude nossa alma, por meio dos sentidos, a perceber que por trás daqueles mesmos gestos e palavras repetidos, daquelas vestimentas e vasos sagrados, ocorre algo do Mistério, que ultrapassa nossa capacidade de entendimento, que nos aproxima de Deus de um modo como nenhum outro.
"A verdadeira beleza é o amor de Deus que nos foi definitivamente revelado no mistério pascal.

"A beleza da liturgia pertence a este mistério; é expressão excelsa da glória de Deus e, de certa forma, constitui o céu que desce à terra. O memorial do sacrifício redentor traz em si mesmo os traços daquela beleza de Jesus testemunhada por Pedro, Tiago e João, quando o Mestre, a caminho de Jerusalém, quis transfigurar-Se diante deles (Mc 9, 2). Concluindo, a beleza não é um fator decorativo da ação litúrgica, mas seu elemento constitutivo, enquanto atributo do próprio Deus e da sua revelação. Tudo isto nos há-de tornar conscientes da atenção que se deve prestar à acção litúrgica para que brilhe segundo a sua própria natureza." (ibidem, loc. cit.)
Coloca-se a beleza em seu devido lugar na Liturgia quando se entende que os paramentos litúrgicos "não são endossados pela aparência do padre, mas para dar glória a Deus. Por isso, devem ser tão esplêndidos quanto possível, porque na Liturgia se realiza a tarefa dos anjos, dos servos de Deus" (Mons. Nicola Bux, Conferenza al Convegno dei Francescani dell'Immacolata. Roma, 2010)

Coloca-se a beleza em seu devido lugar na Liturgia quando se compreende que toda liturgia terrestre aponta para a Liturgia celeste:
"As nossas liturgias da terra, inteiramente dedicadas a celebrar este ato único da história [o mistério da Redenção] não conseguirão nunca expressar totalmente a sua densidade infinita. Sem dúvida, a beleza dos ritos nunca será bastante procurada, nem suficientemente cuidada nem assaz elaborada, porque nada é demasiado belo para Deus, que é a Beleza infinita. As nossas liturgias terrestres não poderão ser senão um pálido reflexo da liturgia que se celebra na Jerusalém do céu, ponto de chegada da nossa peregrinação na terra." (Papa Bento XVI, Vésperas na Catedral de Paris, 12 de setembro de 2008)

 Finalizo trazendo à reflexão alguns trechos do pensamento do Cardeal Ratzinger sobre este assunto, todos compilados no artigo "A beleza na Teologia de Joseph Ratzinger", de autoria de Charles Morerod:
  • "A onda de esoterismo, a difusão das técnicas asiáticas de distensão e de auto-esvaziamento mostram que nas nossas liturgias falta algo. Justo no mundo de hoje temos necessidade do silêncio, do mistério para além do individual, da beleza." (“La Nuova Evangelizzazione”, L’Osservatore Romano, 11-12 dicembre 2000, 11)
  • "A liturgia existe para todos. Deve ser “católica”, ou seja, comunicável a todos os crentes, sem distinção de lugar, de proveniência, de cultura. Deve ser portanto “simples”. Mas simples não significa de baixo nível. Há a simplicidade do banal e a simplicidade que é a expressão da maturidade." (Joseph Ratzinger, La festa della fede, p. 97)
  • Em uma bela liturgia, “ainda que os participantes não entendam talvez todas as palavras individualmente, percebem o significado profundo, a presença do mistério que transcende todas as palavras” (“La nuova evangelizzazione”, L’Osservatore Romano, 11-12 dicembre 2000, 11)

    • "A Igreja deverá aprender novamente a celebrar as festas e a irradiar o esplendor. A sua submissão ao mundo racional nestes últimos anos foi muito profunda, debaixo deste ponto de vista, de tal maneira que a Igreja se despojou de algo que lhe era totalmente próprio. Ela deve nos conduzir às festas que conserva na sua fé, assim poderá em alguma medida deixar felizes aqueles para os quais o seu anúncio, se visto racionalmente, permanece inacessível." (Elementi di teologia fondamentale, p. 76-78)

    Outras Referências:

    Summorum Pontificum em Santa Maria: Missa na Forma Extraordinária em Pinhal Grande - RS

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    Recebemos este relato e estas fotos do leitor Clécio Almeida:
    No dia 4 de dezembro de 2013, a Paróquia São José - Pinhal Grande, RS, da Arquidiocese de Santa Maria, viveu a primeira noite do Tríduo em honra da Imaculada Conceição na Forma Extraordinária do Rito Romano.
    A convite do revmo Pe. Pablo Zanini, o revmo Pe. Rodrigo Cabrera da Paróquia Nossa Senhora dos Remédios – Quevedos, RS, celebrou a Missa do Commune Festorum B. Mariae Virginae diante de uma igreja repleta de fiéis.
    Na ocasião, cinco seminaristas do Seminário Maior São João Maria Vianney, da Arquidiocese de Santa Maria, auxiliaram na elaboração de folhetos para o povo, que foram utilizados tanto para as respostas da Missa como para os cânticos. 
    Foi a segunda vez que o revmo Pe. Rodrigo Cabrera celebrou a Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano na Paróquia São José de Pinhal Grande. 
    Convidamos a todos para curtirem nossa página no facebook: Summorum Pontificum em Santa Maria.

    Breve catequese antes da Missa
    Orações ao pé do altar
    Evangelho
    Sermão
    Consagração

    Ordenações Diaconais de Franciscanos Conventuais em Roma

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    No último dia 25 de março, Solenidade da Anunciação do Senhor, na Basílica dos Ss. XII Apóstolos (dos Franciscanos Conventuais), foram ordenados Diáconos os Freis Jozef Sukeník e Pablo Fan.

    Frei Jozef é da Custódia da Eslováquia, enquanto Frei Pablo, que é chinês, pertence à Custódia de Assis. 

    Frei Jozef chegou em Roma há dois anos, como professo temporário, e começou a estudar Cristologia na Faculdade Seraphicum e fez a profissão solene em outubro passado, na Eslováquia.

    Frei Pablo Fan terminou os estudos teológicos em Assis e foi para Roma também em outubro passado,  para começar a licenciatura na Universidade Salesiana.

    A celebração foi presidida com muita beleza e sobriedade pelo Bispo Conventual, Dom Frei Gianfranco Girotti. Os professos temporários serviram na Liturgia. Ressaltamos o detalhe dos paramentos romanos envergados pelo Bispo e pelos neo-diáconos.

    Emocionante, como sempre, o canto da ladainha, com os candidatos prostrados em terra, antes de que o Bispo lhes impusesse as mãos. Após a celebração, como de costume, a fraternidade, parentes e amigos saudaram os novos Diáconos.

    OFMConv. | Trad. Adapt. Cleiton Robsonn.
    Por Frei Paolo M. Carola | Fotos dos Freis: F. Czarnowski, R. Wróbel e Breski, OFMConv.






































    Uma breve reflexão sobre os ramos no Domingo de Ramos

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    Chegados mais uma vez ao Domingo de Ramos, achei pertinente visar, para uma pequena reflexão, um – se não o - elemento proeminente dos santos mistérios deste dia. Creio que o seu significado, talvez devido à familiaridade, seja ignorado por muitos Católicos. Refiro-me, obviamente, aos ramos, que serão benzidos e distribuídos neste dia.

    Donde a presença dos ramos neste dia? Ora, encontramo-los no Novo Testamento, dirão com certeza, e estão presentes na entrada de Jesus em Jerusalém dias antes da Sua Paixão. Mas a pergunta que coloco aqui é: porquê ramos, especificamente? Olhemos para as perícopes da entrada, em especial para aquelas que mencionam a existência de ramos – S. Mateus, S. Marco, e S. João. Porque nos falam os evangelistas da presença de ramos? Olhemos, não com familiaridade para estes textos, mas com olhos “novos”, de quem os lê (ou melhor, ouve) pela primeira vez. Convido a encarar este texto, não como um Católico do séc. XXI, mas como um Judeu do séc. I. O que a nós poderá passar despercebido como um “mero detalhe” que dá origem a um sacramental neste dia, para um judeu contemporâneo de Jesus encerava um significado profundo. Creio que conhecendo o seu significado para um judeu nos ajudará a entrar mais profundamente nos santos mistérios deste domingo.

    A existência de ramos e gritos de Hosanna remetem-nos para o festival de Sucot, geralmente referido como Festa das/dos Tendas/Tabernáculos no Novo Testamento.
    A observância de Sucot, cuja duração é uma oitava, foi estabelecida por Deus aquando do estabelecimento da Aliança com Israel no Monte Sinai, sendo uma das três festas de peregrinação obrigatória a Jerusalém. A festa era, grosso modo, uma festa de natureza agrícola, pois calhava na época da colheita (cf. Ex 23,16; 34,22); mas como toda a festa agrícola judaica, estava revestida de significado religioso também. Servia para “fazer memória” do tempo em que Israel vagueou pelo deserto, vivendo em tendas, antes de entrar na Terra Prometida, quando Deus os fez sair da casa do Egipto:

    «Habitareis nas tendas durante sete dias; todos os que nasceram em Israel deverão habitar em tendas, para que os vossos descendentes saibam que fiz habitar em tendas os filhos de Israel, quando os fiz sair da terra do Egipto.»

    Estava prescrito a leitura da Lei durante a festa a cada sete anos: 

    «Ao fim de sete anos, na Assembleia do Ano da remissão, pela festa das Tendas, quando todo o Israel comparecer diante do SENHOR, teu Deus, no lugar que Ele tiver escolhido, farás a proclamação desta Lei a todo o Israel. Reunirás o povo, homens, mulheres e crianças, e o estrangeiro que estiver nas tuas cidades, a fim de que escutem, aprendam e reverenciem o SENHOR, vosso Deus, e cumpram todas as palavras desta Lei. Os filhos deles, que ainda não conhecem, ouvirão e aprenderão a reverenciar o SENHOR, vosso Deus, enquanto viverdes na terra de que ides tomar posse, depois de passardes o Jordão.» 
     
    Era também uma festa que prefigurava/antecipava a “colheita final” de Israel, quando este reuniria todas as nações em Deus. Dada a grandiosidade da festa, e da alegria a ela associada, começou a ter ligações à linhagem real: por exemplo, durante esta festa Salomão dedicou o Templo (1 Rs 8). Após o regresso do exílio na Babilónia, e com a ausência dum rei, a festa foi ganhando conotações messiânicas. Já o profeta Zacarias nos fala do dia em que as nações haverão de vir celebrar o Sucot a Jerusalém:

    Os que restarem de todas as nações, que tiverem marchado contra Jerusalém, irão todos os anos adorar o Rei, o Senhor do universo, e celebrar a festa das Tendas. 
     
    Era uma festa caracterizada por: alegria, “tendas”, ofertas, e ramos. São estes últimos que nos interessam hoje. 

    No primeiro dia, apanhareis belos frutos, ramos de palmeira, ramos de árvores frondosas e dos salgueiros do rio; e regozijar-vos-eis na presença do SENHOR, vosso Deus, durante sete dias.

     
    Os ramos – lulav, em hebraico – seriam de tamareira, e teriam murta e salgueiro atados juntamente. Crê-se que estas plantas serviriam de recordação do tempo passado no deserto, uma vez que correspondem a espécies comuns nesse ambiente. O lulav deveria ser apresentado pelos fiéis no Templo todos os sete dias que durava a celebração de Sucot, e as crianças eram obrigadas a levá-lo a partir do momento em que já conseguissem abaná-lo. Durante as celebrações no Templo (cujos símbolos Jesus identificou consigo mesmo em S. João), o coro cantaria os salmos de Hallel (de louvor) – os Salmos 113 a 118. Quando eram cantados os Hosannas no Salmo 118 toda a congregação abanava os seus ramos em direcção ao altar.
    Como já referi, na época de Jesus, esta festa já não estava associada ao rei “actual”, da casa de David, mas ao Filho de David que haveria de vir. Sucot haveria de ser a única festa que perduraria no final dos tempos, após a vinda do Messias; a grande festa de louvor em que Israel finalmente consumaria as núpcias com o Seu Senhor. Não é por acaso que no livro do Apocalipse nos surge a imagem da multidão composta por pessoas de todas as nações diante do trono do Cordeiro, com ramos nas mãos: 

    Depois disto, apareceu na visão uma multidão enorme que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé com túnicas brancas diante do trono e diante do Cordeiro, e com palmas na mão.
     
    Todo este simbolismo estaria presente na mente dum judeu do primeiro século. A presença destes sinais na entrada triunfal não implica a celebração da festa, mas o reconhecimento por parte do povo israelita, em quem estas imagens estariam bem presentes, de que o Filho de David tinha chegado, e que se iniciava o Sucot derradeiro (tal como S. Pedro perguntou se deveria montar tendas aquando da Transfiguração).

    Chegado ao fim desta breve exposição histórica, o que são para nós, então, os ramos que receberemos no Domingo de Ramos, que levaremos em nossas mãos em procissão, e que eventualmente levaremos para casa? Estes ramos são testemunhos da nossa fé no Messias. São sinal de que o Filho de David salva. São reconhecimento do Cristo Rei. A liturgia bracarense demonstra isto duma forma subtil na procissão através da cruz processional. Enquanto que no rito romano tradicional a cruz está velada, uma vez que nos encontramos já dentro do tempo conhecido como Tempo da Paixão, no rito bracarense a cruz é desvelada para a procissão, demonstrando que esta é uma entrada triunfal, de alegria. Estes ramos são uma lembrança de que, apesar de dentro de alguns dias o Senhor sofrer a Sua Paixão, “Christus vincit, Christus regnat, Christus imperat”. São sinais escatológicos na medida em que revelam a nossa crença no Rei dos Reis que há-de vir no fim dos tempos, para consumar as núpcias com a Sua Noiva, a Igreja,  enxugando as nossas lágrimas.

    Procissão e Missa do Domingo de Ramos Projeto Paroquial de São Francisco de Assis - Currais Novos/RN

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    Procissão e Missa do Domingo de Ramos no Projeto Paroquial de São Francisco de Assis - Currais Novos/RN. Fotos enviadas pelo nosso leitor, Petterson Dantas, a quem aproveitamos para agradecer.













    O Tríduo Pascal na ausência de Sacerdote

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    Como já dissemos no artigo sobre a celebração dominical na ausência do sacerdote Dominus Nobiscum, a realidade das comunidades paroquiais que carecem de sacerdote é algo triste e ao mesmo tempo uma situação espinhosa do ponto de vista litúrgico. Na Semana Santa isso se agrava muito, uma vez que se trata do núcleo do ano litúrgico e a procura pelas celebrações tendem a se multiplicar. É comum que, por comodismo ou impossibilidade, os fiéis não se dirijam a paróquias próximas para participar das celebrações ou várias comunidades se unam em uma igreja maior ou central afim de celebrar unidos.

    Da mesma forma que se faz ao longo do ano, a atitude natural dessas comunidades é "adaptar" as celebrações do tríduo para serem dirigidas por leigos. Trata-se naturalmente de uma atitude ilícita, uma vez que nada se pode adaptar em matéria litúrgica sem a explícita autorização da Sé Apostólica. Então qual a solução? Como dar uma solução pastoralmente aceitável e ao mesmo tempo liturgicamente adequada? A solução que apresentamos é baseada na celebração da Liturgia das Horas, da adoração Eucarística e dos diferentes atos de piedade. Tudo de acordo com o que ordena a autoridade da Igreja, cuidando-se para suprir as deficiências da falta do sacerdote, mas sem tentar substituir esse ministério insubstituível.

    Quinta-feira in coena domini
    A manhã da quinta-feira santa é ainda quaresma, até a oração das quinze horas (nona) tudo se faz como que para a quaresma. Ao entardecer, porém, tem início o Tríduo Pascal. Aqueles que participam da Missa da Ceia do Senhor, com ela são introduzidos no Tríduo e não rezam as Vésperas deste dia. Para aqueles que não participam da Missa, a celebração das Vésperas pode ser uma excelente oportunidade para recordar a instituição do sacerdócio ministerial "à hora vespertina" acrescentando uma prece pelos sacerdotes e pedindo ao senhor mais vocações e também formadores capazes. Se houver diácono ou outro ministro autorizado para expor o santíssimo, se pode celebrar essa hora na presença do Santíssimo Sacramento exposto. Um detalhe importante é que o ofício de leituras deste dia é do ofício da quaresma, logo não pode ser unido com essas vésperas.

    Sexta-feira da Paixão

    Durante a noite, uma vigília, como a que se faz depois da Ceia do Senhor, pode ser mantida junto do lugar onde se guarda a reserva eucarística. Durante a vigília, tendo passado a meia noite, pode-se rezar o Ofício das Leituras da Sexta-feira Santa em formato de vigília com os cânticos e a leitura do  Evangelho da Paixão. Ou, se se preferir, também é uma boa opção rezá-lo pela manhã unido com as Laudes compondo o Ofício das Trevas.

    À tarde se pode fazer a oração das quinze horas (nona) em recordação do momento em que Nosso Senhor expirou. Uma outra hora muito oportuna são as Vésperas, nas quais se dizem como preces a Oração Universal da Celebração da Paixão. Na tentativa de manter os fiéis unidos entre a celebração de uma hora e outra pode-se rezar algum ato de piedade como a Via Sacra ou ainda fazer uma piedosa leitura da Paixão de forma extra-litúrgica. 

    A procissão do Senhor morto, por não ser procissão litúrgica, pode-se manter depois do por-do-sol ou noutro horário tradicional.

    Domingo de Páscoa
    De todos as celebrações do Tríduo, a mais prejudicada é certamente a Vigília Pascal: a mãe de todas as vigílias se celebra com a Santa Missa. Todavia, se não se puder celebrar com missa, pode-se fazer nas horas noturnas a celebração do Ofício das Leituras nas quais se faz as leituras da Missa, bem como os respectivos salmos, ao fim se acrescenta o Hino Te Deum expressando-se o Júbilo Pascal. Para o domingo de Páscoa, uma celebração dominical com a comunhão eucarística pode ser celebrada, de acordo com o que já foi descrito no outro artigo.




    Convite: Missas tridentinas na Diocese de Santo Amaro

    Festa dos Apóstolos São Filipe e São Tiago Menor em Roma

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    No último dia 3 de Maio, a comunidade e paróquia da Basílica dos Santos XII Apóstolos,  de Roma (sob a custódia dos Franciscanos Conventuais, desde 1463) celebrou sua festa anual no dia dos Apóstolos Filipe e Tiago Menor.

    A comunidade dos Ss. XII Apóstolos desejava neste ano fazer partícipes de sua festa os frades conventuais de todos os conventos de Roma; A coincidência co outras iniciativas e os compromissos pastorais das distintas comunidades limitaram a participação. Contudo, a iniciativa teve como resultado um bonito encontro. Também numerosos fiéis participaram da Santa Missa das 18:30, presidida por Dom Frei Gianfranco Girotti, OFMConv. Durante a mesma, foi administrado o Sacramento da confirmação a 8 jovens.

    Ressaltamos, mais uma vez, a beleza e a sacralidade da própria Basílica, dos paramentos [romanos] e vasos utilizados durante a celebração, tanto pelo Bispo, quanto pelo diácono; Assim como o uso correto de sobrepelizes pelos frades cerimoniários e assistentes sobre o hábito franciscano e os paramentos iguais, pelos concelebrantes.

    Em seguida, houve um jantar com buffet e um concerto gratuito de música russa e alemã. Ressalte-se  também que, ao longo do dia, vários grupos de fiéis participaram da Missa na cripta, onde se encontram relíquias em memória dos Apóstolos.

    A festa do dia 3 de Maio foi precedida pelo canto solene das primeiras Vésperas, presididas por Dom Matteo Zuppi, Bispo Auxiliar de Roma centro, com a assistência de alguns reitores de igrejas e outras entidades eclesiásticas do entorno paroquial. 

    Trad. Adapt. Cleiton Robsonn.














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